Educação para erradicar a pobreza

Enquanto não prevalecer o ensino eficaz por todos os de bom senso almejado, qualquer nação padecerá cativa das limitações que a si mesma se impõe.

Fonte: Revista BOA VONTADE Desenvolvimento Sustentável, de julho de 2017. | Atualizado em julho de 2021.

Minha saudação aos chefes de Estado, às delegações, às agências internacionais, às organizações da sociedade civil e a todos os participantes da Reunião de Alto Nível do Conselho Econômico e Social (Ecosoc) da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2017, que trata do relevante tema “A erradicação da pobreza, em todas as formas e dimensões, por meio da promoção do desenvolvimento sustentável, da ampliação das oportunidades e do enfrentamento dos desafios afins”.

Jean Carlos

Pedro Avelino, RN – Família recebe a ajuda da LBV que beneficou centenas de pessoas na região.

A contribuição da Legião da Boa Vontade (LBV) aos debates não poderia ser outra a não ser ressaltar o monumental valor da Educação, da Paz e da verdadeira Caridade na conquista desse arrojado intento, voltado para o progresso e o bem-estar dos povos.

Relatório da Unesco sobre a educação e a pobreza

Há décadas, temos defendido que no ensino reside a grande meta a ser atingida, já! Educação e Cultura com Espiritualidade Ecumênica para o povo, desde a infância — com a Pedagogia do Afeto e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico —, figuram entre as preocupações maiores da LBV, ao lado de sua aplaudida Promoção Humana e Social. Nesses quase 70 anos de atividade solidária, a Instituição tem transformado para melhor milhões de vidas a partir do intelecto instruído e, sobretudo, da sabedoria do coração. Como tive o ensejo de destacar ao notável ex-presidente e ex-primeiro-ministro de Portugal, dr. Mário Soares (1924-2017), enquanto não prevalecer o ensino eficaz por todos os de bom senso almejado, qualquer nação*1 padecerá cativa das limitações que a si mesma se impõe. Aliás, o fato se deu assim: em visita ao Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica, o ParlaMundi da LBV, em Brasília/DF, Brasil, em 1997, o saudoso estadista, ao ver estampado, numa das paredes do local, esse meu pensamento — “Enquanto não prevalecer o ensino eficaz por todos os de bom senso almejado, o Brasil padecerá cativo das limitações que a si mesmo se impõe” —, de forma entusiástica, que era sua característica, virou-se para mim e exclamou: — “Mas por que só o Brasil?! Isto é válido para o mundo inteiro!”, razão por que, aceitando a sugestão dele, estendi esses dizeres para quem deles quiser valer-se em qualquer país. Nesse mesmo dia, o dr. Mário Soares foi homenageado com a Comenda da Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica do ParlaMundi da LBV, na categoria Hors-Concours, cerimônia que também condecorou, na categoria Esporte, o Atleta do Século 20, Pelé.

Leila Marco

Em abril de 1997, Paiva Netto (C) entregou ao estadista português dr. Mário Soares e a Pelé, o Atleta do
Século 20, a Comenda da Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica, do ParlaMundi da LBV.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) realizou importante pesquisa que monitorou, durante os anos de 1965 a 2010, a relação entre Educação e erradicação da pobreza. O recém-lançado estudo “Reduzindo a pobreza global através das educações primária e secundária” revelou: “Alcançar a conclusão do ensino primário e secundário na população adulta ajudaria a tirar mais de 420 milhões de pessoas da pobreza, assim reduzindo em mais da metade o número de pessoas pobres no mundo. Os efeitos seriam particularmente grandes na África Subsaariana e no sul da Ásia, onde uma redução da pobreza em quase dois terços é esperada”, registra a página 11 do documento. Segundo informa a Unesco, “se as tendências atuais continuarem, dos 61 milhões de crianças em idade escolar atualmente fora da escola, 17 milhões nunca pisarão numa sala de aula”.

Esses dados são muito alarmantes e chamam todos à responsabilidade de não apenas combater efeitos, mas atuar nas causas, o que conduzirá a resultados mais sólidos e sustentáveis na luta contra a miséria, que vergonhosamente ainda campeia pelo orbe.

Desenvolvimento Solidário

Um dos maiores desafios atuais das nações emergentes ou das que já atingiram o mais alto patamar de crescimento material de suas economias é o do desenvolvimento sustentável. Contudo, se desejamos ver o progresso partilhado com todos, acreditamos e temos proposto que o desenvolvimento solidário deva, antes de tudo, iluminar as atitudes dos habitantes da Terra e de suas futuras gerações — do maior ao menor — de nossa morada coletiva. Portanto, além de uma política pública eficaz, o planeta exige o compromisso com uma consciência nova, firmada em princípios que garantam a continuidade da Vida e a coexistência humana acima de todos os outros interesses. Tal mentalidade fomenta ações conjuntas entre os países que visem ao socorro dos povos urgentemente necessitados de alguém que lhes estenda as mãos.

Tela: Cristóbal García Salmerón (1603-1666)

João Evangelista

Jesus, o Economista Divino, por Sua vez, nos oferece um caminho novíssimo, porquanto alicerçado em bases renováveis eternas do Espírito, o moto-contínuo, a curul do desenvolvimento planetário. No Evangelho do Cristo Ecumênico, o Estadista Celeste, segundo as anotações de João, 13:34 e 15:13, podemos ler:

Uma palavra de Paz

Disse Jesus: “Novo Mandamento vos dou: amai-vos como Eu vos amei. (...) Não há maior Amor do que doar a própria vida pelos seus amigos”.

E isso tem feito que a civilização, pelo menos o que andamos vendo por aí como tal, milagrosamente sobreviva aos seus piores tempos de loucura. A sabedoria do Talmud dá este recado prático: “A Paz é para o mundo o que o fermento é para a massa”.

Erradicar a miséria: uma questão econômica ou de consciência?

Reitero o fato que venho alertando desde o fim da década de 1970: a Solidariedade expandiu-se do luminoso campo da ética e apresenta-se como uma estratégia, de modo que o ser humano possa alcançar a própria sobrevivência. À globalização da miséria contrapomos a globalização da Fraternidade Ecumênica, que espiritualiza a Economia e solidariamente a disciplina, como forte instrumento de reação ao pseudofatalismo da pobreza.

Vivian R. Ferreira

Daí o indispensável valor da Caridade. E observem que não é de hoje que a tese de que “a Caridade não resolve nada” tem a defesa de alguns que atribuem a ela — acreditem — a manutenção do status quo, em que a pobreza e a miséria são apenas maquiadas por uma ineficiente ação assistencialista.

Esse tipo de postura carece, contudo, de um entendimento do real papel da Caridade na melhoria das condições de vida das populações. Vale notar, entretanto, que a defesa da inoperância dela, mesmo equivocada, chama a atenção para o combate à inércia e à covardia de muitos que, podendo auxiliar no incentivo e no crescimento social dos povos, preferem esquivar-se com parcas e míseras esmolas. Se bem que, para aquele que está com fome, toda ajuda é bem-vinda.

Disse o Profeta Muhammad (570-632) — “Que a Paz e as bênçãos de Deus estejam sobre ele!”: “Jamais alcançareis a virtude, até que façais caridade com aquilo que mais apreciardes. E sabei que, de toda caridade que fazeis, Allah bem o sabe”.

A Caridade, aliada à Justiça dentro da Verdade, é o combustível das transformações profundas. Sua ação é sutil, mas eficaz. A Caridade é Deus.

Reforma do ser humano

Ao trabalharmos pela erradicação da pobreza, promovendo prosperidade às populações, é essencial que primeiro modifiquemos a mentalidade dos seres humanos. Mas em que bases? Nas do Espírito, desde que não considerado uma simples projeção da mente. É preciso, antes de tudo, depositar plena confiança na capacidade das gentes. E mais: ver as criaturas com Boa Vontade, se quisermos formar cidadãos corretos, felizes, competentes, produtivos, em termos nacionais e planetários, proporcionando-lhes efetivas oportunidades. Devemos destacar suas virtudes e corrigir, com educação eficaz, aquilo que mereça acerto.

Reprodução BV

Eleanor Roosevelt

Não se pede um repentino milagre — embora nada seja impossível —, mas, sim, o fortalecimento de um ideal que se estabeleça, etapa por etapa, até que se complete o seu extraordinário serviço. Eleanor Roosevelt (1884-1962), a notável presidente da Comissão dos Direitos Humanos na ONU, para definir com precisão essa espécie de bom embate, pessoal e coletivo, visando a um mundo melhor, afiançou: “Para alcançar a Paz, devemos reconhecer a verdade histórica de que já não podemos viver separados do resto do mundo. Devemos também reconhecer o fato de que a Paz, assim como a liberdade, não é obtida de uma única vez e em definitivo; é uma batalha diária por mais territórios e o resultado de muitos esforços individuais”.

Contudo, é preciso não perder de vista: liberdade sem responsabilidade e Fraternidade Ecumênica é condenação ao caos. E mais: a tão pretendida mudança estrutural deve contar com o poder da razão e com o melhor do sentimento da criatura. Caso contrário, ela continuará expressando a vontade nefelibata em que, por vezes, quase se transformou. Urge, pois, aliar mente e coração para atingir os nobres propósitos sob os auspícios das mais elevadas aspirações. Que fitem os olhos as alturas, mas convém que os pés no chão permaneçam firmados.

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Madame Curie

Madame Curie (1867-1934) — Prêmio Nobel de Física de 1903 e de Química de 1911 —, que, com esforços e sacrifícios incontáveis, levou a Ciência a tantas conquistas, do alto de sua perseverança arrematou: “Jamais devemos sonhar em construir um mundo melhor sem o aperfeiçoamento dos indivíduos. Para esse fim, cada um de nós precisa trabalhar pelo próprio progresso e, ao mesmo tempo, compartilhar a responsabilidade geral por toda a Humanidade”.

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Booker T. Washington.

O renomado educador norte-americano Booker T. Washington (1856-1915) — primeiro presidente da lendária Escola de Tuskegee, que se dedicou a criar condições melhores de crescimento individual para os ex-escravos e seus descendentes e para os indígenas, pelos quais também trabalhou, a partir sobretudo da Educação — escreveu: “Não há defesa ou segurança para nenhum de nós a não ser na mais alta inteligência e no desenvolvimento superior de todos”.

É evidente que isso, hoje, se aplica a toda a raça humana, o Capital de Deus, consoante seguramente desejava, na profundidade de seus anseios, o infatigável dr. Booker, cuja Alma vislumbrava um futuro em que o racismo, que considero um cancro social, não mais exista.

Quem faz o pão...

A Economia não pode ser o reino do egoísmo. Ora, ela está aí para beneficiar todos os povos, compartilhando decentemente os bens da produção planetária. Se isso, porém, não ocorre, é porque se faz necessária uma mudança espiritual-ética de mentalidade, principalmente pelo prisma do Novo Mandamento de Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, pois ensina que nos devemos amar como Ele nos tem amado (Evangelho, segundo João, 13:34). Senão, os predadores das multidões podem ganhar a batalha, que a eles no devido tempo, da mesma forma, consumirá. O desprezo às massas populares é multiplicação de desesperados. Certamente, alguém já concluiu que quem faz o pão deve igualmente ter direito a ele.

Haveremos de assistir ao dia em que a Economia terrestre será bafejada pelo espírito de Caridade, porque a Luz de Deus avança pelos mais recônditos ou soturnos ambientes do pensamento e da ação humanos.

Desumanidade gera desumanidade

No meu estudo Cidadania do Espírito (2001), afirmo que desumanidade gera desumanidade. Aí está, em resumo, a explicação do estado atual nas diversas regiões do planeta. Porém, com a riqueza de nosso Espírito, podemos edificar um amanhã mais apreciável. Entretanto, nenhuma reforma será duradoura se não houver o sentido de Caridade, o respeito ao ser humano e o bom comando das gentes atuando no coração.

Caridade é a comprovação do supremo poder da Alma ao construir épocas melhores de vida material e espiritual para os países e seus povos, os Cidadãos do Espírito. Resta às criaturas aprender em definitivo a enxergar essa realidade e a desenvolver a compaixão, aliada à Justiça. Desse modo, com o passar das eras, o mundo abandonará a doença que, pelos milênios, lhe tem feito tanto mal: a pouca atenção que dá à força do Amor Fraterno, “princípio básico do ser, fator gerador de vida, que está em toda parte e é tudo”.

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Alexis de Tocqueville

Sobre o sublime ato de se doar ao próximo e suas consequências sociais, assim se manifestou o pensador político francês Alexis de Tocqueville (1805-1859), autor de A Democracia na América: “A caridade individual se dedica às maiores misérias, procura o infortúnio sem publicidade e, de maneira silenciosa e espontânea, repara os males. Ela se faz presente onde quer que haja um infeliz a ser resgatado e cresce junto com o sofrimento. (...) Pode produzir somente resultados benéficos. (...) Alivia muitas misérias, sem produzir nenhuma”.

Identificação no Bem de norte a sul, de leste a oeste
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Jesus, Moisés, Buda, Onisaburo, Confúcio e Gandhi.

Enquanto os governos não chegam às “soluções definitivas” para a miséria, que cada criatura, reunida ou não em comunidades, faça mais do que puder — e não o deixe de realizar — pelo semelhante, pondo em ação o poderoso espírito associativo de Caridade, tão apregoado e vivido por Jesus, Muhammad, Moisés, Buda, Onisaburo, Confúcio, Gandhi e outros luminares da História não somente do campo religioso, entre estes:

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Aristóteles

Aristóteles (384-322 a.C.), filósofo grego — “A felicidade consiste em viver bem e fazer o Bem”.

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Anália Franco

Anália Franco (1853-1919), educadora brasileira — “Eduquemos e amparemos as pobres crianças que necessitam de nosso auxílio, arrancando-as das trilhas dos vícios, tornando-as cidadãos úteis e dignos, para o engrandecimento de nossa pátria".

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Princesa Diana

Princesa Diana (1961-1997) — “Todos precisamos demonstrar quanto nos preocupamos uns com os outros e, nesse processo, cuidar de nós mesmos”.

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Rui Barbosa

Rui Barbosa (1849-1923), jurista, jornalista, político e diplomata brasileiro — “Todos os que dão aos necessitados, todos os que valem aos desvalidos, todos os que acodem aos aflitos, aos feridos, aos doentes, todos esses estão dentro do Evangelho, cuja substância se resume na caridade”.

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Charles Chaplin

Charles Chaplin (1889-1977), ator e diretor de cinema inglês — “Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à juventude e segurança à velhice”.

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André Rebouças

André Rebouças (1838-1898), engenheiro militar, inventor e abolicionista brasileiro —“(...) A paz armada está para a guerra como as moléstias crônicas para as moléstias agudas; como uma febre renitente para um tifo. Todas essas moléstias aniquilam e matam as nações; é só uma questão de tempo”.

Divulgação

Anne Frank

Anne Frank (1929-1945), jovem escritora judia — “Todo mundo tem dentro de si um fragmento de boas notícias. A boa notícia é que você não sabe quão extraordinário você pode ser! O quanto você pode amar! O que você pode executar! E qual é o seu potencial! (...) Que maravilha é ninguém precisar esperar um único momento para melhorar o mundo”.

Tora Martens

Dra. Zilda Arns

Dra. Zilda Arns (1934-2010), médica pediatra, sanitarista brasileira e fundadora da Pastoral da Criança — “O trabalho social precisa de mobilização das forças. Cada um colabora com aquilo que sabe fazer ou com o que tem para oferecer. Deste modo, fortalece-se o tecido que sustenta a ação, e cada um sente que é uma célula de transformação do país”.

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La Fontaine

La Fontaine (1621-1695), fabulista francês — “Amai, amai, que tudo o mais é nada”.

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Saadi

Saadi (1213-1292), poeta persa, cujos seguintes versos se encontram inscritos em tapeçaria exposta na parede de entrada do edifício das Nações Unidas, em Nova York — “Os seres humanos são membros de um todo,/ Na criação de uma só essência e uma só Alma./ Se um membro é afligido com dor,/ Outros membros ficarão desconfortáveis./ Se você não tem simpatia pela dor humana,/ Você não poderá conservar o nome de humano”.

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Irmã Dulce

Irmã Dulce (1914-1992), também conhecida como “O anjo bom da Bahia (Brasil)”, em 1997, foi premiada com a Comenda da Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica do ParlaMundi da LBV (categoria Solidariedade) — “Se houvesse mais Amor, o mundo seria outro; se nós amássemos mais, haveria menos guerra. Tudo está resumido nisso: dê o máximo de si em favor do seu Irmão, e, assim sendo, haverá Paz na Terra”.

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Winston Churchill

Winston Churchill (1874-1965), político e escritor inglês, Prêmio Nobel de Literatura de 1953 — “Todas as grandes coisas são simples. E muitas podem ser expressas em palavras singulares: Liberdade; Justiça; Honra; Dever; Piedade; Esperança”.

Divulgação

Betinho

Herbert José de Sousa, o Betinho*2 (1935-1997), sociólogo, em 1996, foi o ganhador da Comenda da Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica do ParlaMundi da LBV (categoria Solidariedade) — “Não posso ser feliz diante da miséria humana. O fim da miséria não é uma utopia”.

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Augusto Comte

Augusto Comte (1798-1857), filósofo e sociólogo francês — “Viver para os outros é não somente a lei do dever, mas também da felicidade”.

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Florence Nightingale

Florence Nightingale (1820-1910), ícone inglesa da Enfermagem, que sempre encerrava suas cartas com uma frase manifestando seu extremado zelo pelo próximo — “É caridade cuidar bem de corpos doentes. É uma caridade maior cuidar bem e com paciência de mentes doentes (...). Contudo, existe uma caridade ainda maior: fazer o Bem àqueles que não são bons conosco (...)”.

Voltaire

Portanto, “que os homens possam se lembrar de que são irmãos”, conforme exortou Voltaire (1694-1778). No seu Tratado sobre a Tolerância, François-Marie Arouet (verdadeiro nome do polêmico pensador francês) grafou: “A Natureza diz a todos os homens: (...) Eu vos dei braços para cultivar a terra e um pequeno lume de razão para vos guiar; pus em vossos corações um germe de compaixão para que uns ajudem os outros a suportar a vida. Não sufoqueis esse germe, não o corrompais. Compreendei que ele é divino (...)”.

Sim, caro Voltaire, e que dessa forma seja de norte a sul, de leste a oeste, pois o tempo histórico para que a Humanidade entenda que a conservação do planeta depende do nosso comportamento verdadeiramente civilizado está diminuindo a olhos vistos. E essas não são palavras de um místico vidente, por mais respeitável que seja, porém a simples constatação da realidade. Jamais, como agora, se fez tão necessária a mensagem de conforto e esperança.

Conclusão

Prezados amigos e estimadas amigas, que possamos, com a energia dos nossos mais arrojados ideais, pelejar diligentemente na luta pela erradicação da pobreza. Saibamos nos valer, usando de muita perspicácia, dessa ferramenta estratégica chamada Educação com Espiritualidade Ecumênica.

As elevadas aspirações que carregamos no nosso íntimo serão o aríete a expandir os horizontes das comunidades — com a coragem, o espírito de iniciativa e a criatividade, no enfrentamento de todos os graves desafios mundiais de nosso tempo —, para que vivamos a tão sonhada Sociedade Solidária Altruística Ecumênica. Por isso, cuida do Espírito, reforma o ser humano. E tudo se transformará!

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*1 Qualquer nação... — Em visita ao Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica, o ParlaMundi da LBV, em Brasília/DF, Brasil, em 1997, o saudoso dr. Mário Soares, ao ver estampado, numa das paredes do local, o pensamento de Paiva Netto — “Enquanto não prevalecer o ensino eficaz por todos os de bom senso almejado, o Brasil padecerá cativo das limitações que a si mesmo se impõe” —, de forma entusiástica, que era sua característica, virou-se para o dirigente da LBV e exclamou: — “Mas por que só o Brasil?! Isto é válido para o mundo inteiro!”, razão por que, aceitando a sugestão do estadista português, Paiva Netto estendeu esses dizeres para quem deles quiser valer-se em qualquer país. Nesse mesmo dia, o dr. Mário Soares foi homenageado com a Comenda da Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica do ParlaMundi da LBV, na categoria Hors-Concours, cerimônia que também condecorou, na categoria Esporte, o Atleta do Século 20, Pelé.

*2 Betinho — Por sua luta contra a fome, recebeu de Paiva Netto a alcunha de “Cidadão Solidariedade”.

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.