Apostando no ser humano

Discurso proferido por Paiva Netto durante a cerimônia de Iluminação do prédio do ParlaMundi da LBV, diante de uma massa de mais de 100 mil pessoas.

Brasília, 24 de dezembro de 1994 (sábado).

Deus Está Presente!

(Povo: Viva Jesus, o Cristo Estadista, que já vem, em nossos corações para sempre!)

Paiva Netto (centro do palco) inaugura o Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica, em Brasília/DF, Brasil, em 25 de dezembro de 1994, Natal de Jesus —, com mais de 100 mil pessoas superlotando a Praça da Paz e arredores

Antes de tudo, quero agradecer a Jesus os bons amigos que tenho, que a Legião da Boa Vontade tem (Obra, cujo lema é “por um Brasil melhor e por uma humanidade mais feliz”). Esses grandes amigos de Jesus são todos vocês que lotam esta praça imensa. Deixaram os lares, onde poderiam estar agora no calor de suas famílias, na tradicional Ceia de Natal, para cear com toda a humanidade, para cear com o Cristo de Deus, nosso Amigo misericordioso, cuja bandeira tem sido toda a minha vida. Nunca me envergonhei do nome Dele, por isso é que peço a todos repetirem comigo: Jesus, cura o Brasil e liberta a humanidade! Concede ao Brasil e a todos os povos, conforme prometeste, a Paz que o mundo não nos pode dar. Quem confia em Jesus não perde o seu tempo! Quem confia em Jesus não perde o seu tempo! Quem confia em Jesus não perde o seu tempo!

Michelangelo (1475-1564)

Escultura: Moisés

É por isso que, indo contra a expectativa de tantos amigos da LBV, não aceitei a generosa proposta para inaugurar o Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica no dia 2 de março de 1995, meu aniversário, porque, sendo este justamente o Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica, o Parlamento da Paz, nunca, jamais, em tempo algum, poderia ser inaugurado em outra data que não fosse o Natal do Cabeça da Humanidade, Nosso Senhor Jesus Cristo, exatamente o Senhor da Paz. Jesus, o Supremo Governante do planeta Terra, do Brasil, portanto. E é com o pensamento Nele — lembrando do livro Gênesis, no qual, quando ao criar o mundo, na linguagem belissimamente simbólica conquanto reveladora de Moisés, está relatado que o Criador do Universo determinou: “Fiat Lux”, e a luz se fez —, que hoje iluminamos, com a luz humana, o Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica, o ParlaMundi da LBV. Porém, com toda a certeza sabendo que o Espírito de Deus iluminará essas paredes, essa ambiência, para que isto aqui não seja um sonho, mas uma realidade palpável. E, que essa ambiência toque os corações, para que todos descubram que, acima do intelecto, está o sentimento, porquanto mais depressa o coração ouve a Palavra de Deus do que o cérebro humano.

Que neste Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica, o ParlaMundi da LBV, junte-se à inteligência do cérebro a inteligência do coração. (...) Temos duas pernas. Faltando uma, onde estará o nosso equilíbrio? Que haja aqui bom senso, que a criatura humana jamais seja desrespeitada um segundo sequer, em qualquer ambiente deste Parlamento Ecumênico, como jamais o foi no Templo do Ecumenismo Irrestrito.

É um erro dizer-se: moro naquele apartamento, naquela casa, naquele barraco. É um engano trágico. Na verdade, não residimos em nenhum apartamento, em nenhuma casa, em nenhum barraco. Antes de tudo habitamos o planeta Terra. E, se não o amarmos devidamente, com toda a certeza, perderemos a grande e belíssima moradia que Deus nos concedeu, por Sua Misericórdia. Isso apenas ocorrerá pela nossa imprevidência, pelo nosso desamor, pela nossa falta de atenção às coisas eternas, que têm de se tornar costumeiras na vida de cada criatura humana e na de todas as nações.

Sou teimoso, acredito na criatura humana e sei que a Vontade de Deus se expressa por intermédio daqueles que O amam. A Ciência engatinha neste orbe, porque a Terra é curso primário (ainda) e só será estágio mais elevado quando o Amor realmente gerir os nossos atos. Iluminamos hoje este Parlamento onde as criaturas amar-se-ão. As pessoas leem muitos livros, encontram mil explicações para os problemas humanos e sociais, mas, enquanto não se respeitarem, as verdadeiras soluções jamais serão encontradas.

O Amor, que é Deus, é a mais poderosa arma no mundo. Neste momento, com o Espírito elevado ao Criador Supremo, estamos despertando nos Simples de Coração um poder tamanho que calará a boca de todos os armamentos. Sonho!? Por que não experimentar realizá-lo?

Mas não somente a voz das armas que atiram quando apertados seus gatilhos. Estamos lutando para emudecer os armamentos tenebrosos da calúnia, do ódio, da infâmia. Tudo o que se resume no desamor que seca os corações.

Arquivo LBV

Victor Hugo

Uma lei funcionará nesta Casa: o Amor Fraterno. (...)

Victor Hugo (1802-1885) revelava que “o caminho para a Paz é a Fraternidade”.

Arquivo BV

Mahatma Gandhi

Gandhi (1869-1948) advertia: “Diferença de opinião não é motivo para brigas. Senão, eu e a minha esposa já estaríamos longe um do outro há muito tempo”.

Arquivo LBV

Dante Alighieri

O Amor não é uma ilusão. É a energia que move os mundos. Dante Alighieri (1265-1321) percebeu isso na sua Divina Comédia. O Amor é o Supremo Poder. Criou o Universo. Como não resolverá as questiúnculas que separam homens e nações da Terra? As palavras devem, daqui para a frente, deixar de esconder o pensamento humano.

Ninguém mais ousará a conquista de um cargo qualquer para explorar seus semelhantes. Nem usar a inteligência para manter as criaturas na ignorância. É necessário, para usar uma linguagem que todos entendam, que a humanidade tome vergonha na cara, que a humanidade crie juízo. E muita gente que ainda não acredita em Deus — mas que um dia crerá — tem mais juízo do que muitas das que se proclamam religiosas.

Os políticos, os militares, os cientistas, os artistas, diante de certos comportamentos, poderiam até mesmo dizer: Se há religiosos que creem em Deus, mas que ainda são os maiores apregoadores do desentendimento, justificados estão todos os nossos atos contra nossos semelhantes.

Uma vez questionou-me, em Goiás, em 1982, um colega jornalista: “Paiva, você está perdendo o seu tempo. Fala em Amor quando a violência cresce no mundo”.

Respondi-lhe: Meu querido Irmão, você queria que eu falasse em Amor quando todo mundo se amasse?

Reprodução BV

Confúcio

Temos de pensar como Confúcio (551-479 a.C.) e cavar o poço antes que venha a sede. É o que estão fazendo os Legionários da Boa Vontade.

É hora de aprender a amar e sustentar esse vital conhecimento. A partir da Religião e daí para a Ciência, a Filosofia, a Política, a Economia, a Arte, o Esporte etc. A cada avanço do Amor, diminui a área de atividade do ódio. Ou nos respeitamos ou não restará ninguém para contar a história.

Fala-se em Amor e se pensa em doença venérea. O que provoca doença venérea não é ele. O Amor não é a expressão torpe do desejo. Na definição de João Evangelista, que aprendera esta lição com Jesus, o Amor é Deus. O Divino Mestre veio trazer-nos a definitiva, a perfeita, a criteriosa forma de Amor divinal que o mundo jamais conhecera.

Por isso dizemos que Jesus é o Grande Estadista da humanidade. É Ele, portanto, o verdadeiro inspirador do Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica, o ParlaMundi da LBV.

Então, saudemo-Lo como o Magnânimo Pacificador, porquanto Jesus não é responsável por qualquer ação fanática ocorrida no transcurso da História em Seu nome. Ele ordenou: “Amai-vos!”, e não: armai-vos.

Tela: Richard Westall (1765-1836)
A espada de Dâmocles

Que vantagem é amar aquele que nos ama? Privilégio para o homem de bom senso, mesmo que não esteja relacionado entre os chamados cristãos, é amar aqueles que ainda não nos compreendem e eventualmente nos odeiem. (Apesar de, na Legião da Boa Vontade, considerarmos toda a humanidade cristã, isto é, consoante à visão universalista do Cristo, livre de qualquer vezo sectário humano.)

Não poderemos adentrar o terceiro milênio com a mentalidade primitiva do homem de Neandertal. Ou nos corrigimos ou daqui a pouco nem poderemos ser considerados seres humanos. Enquanto os corações estiverem armados, a guerra será como uma espada de Dâmocles balançando sobre as nossas cabeças.

Hoje realizamos a mais bela Ceia de Natal que jamais poderíamos fazer em toda a nossa existência. E seu alimento é o Amor.

Iluminado está o Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica, com as humildes luzes da Ciência humana.

Cada um de nós vai fazer agora um pedido, pedido de Natal a Deus, ao Cristo e ao Espírito Santo, enquanto os Corais, a começar pelo das crianças, cantarão a Noite Silenciosa. “Tudo é Paz, tudo é Amor!”

Veremos quem ganhará a grande batalha de todos os tempos desde que a humanidade existe: se o ódio ou o Amor.

Creio no Amor como forma positiva de ação. Não o Amor covarde; contudo, o Amor corajoso, atuante, ativo, realizador. Tão significativo é o Amor, como desbravador de caminhos, que se impõe como explicação única à sobrevivência da humanidade diante de tantos loucos que, pelo decorrer dos séculos, a têm governado.

Tela: Luca Rossetti da Orta (1708 – 1770)
A Santíssima Trindade

O que estamos pedindo a Deus, ao Cristo e ao Espírito Santo — já que materialmente iluminamos o Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica — é que a Sua Divina Claridade se faça em todo esse corpo arquitetônico notável. Rogo ainda que se estenda essa Sublime Luminosidade a todos seres humanos e Espíritos que aqui compareceram, ou que nos ouvem pelas centenas de emissoras que transmitem a nossa palavra, para que tomem conhecimento Deles (a Santíssima Trindade). Ela é o instrumento inafastável das realizações espirituais e humanas que têm, mesmo que teimosamente, levado os povos avante. Porque a única coisa que vale a pena neste mundo é amar! Isto é, agir com elevado senso e forte determinação pelo mais completo progresso da humanidade: o do corpo aliado ao do Espírito. Não basta tratar de um e esquecer do outro. Isto só tem provocado o desequilíbrio dos povos. O maior sofrimento é a ausência de Amor.

Amar na Religião, na Ciência, na Política, na Economia, na Filosofia, nas Artes, nos lares. No Apocalipse, na Mensagem à Igreja em Laodiceia, Jesus nos convida para esta grande ceia: a epopeia de amar.

Então, saudemos o Supremo Expoente deste Parlamento Ecumênico, o Grande Comandante, o Verdadeiro Condutor da Legião da Boa Vontade e de todos nós: Jesus, Nosso Senhor!

Tela: Charles Lock Eastlake (1836-1902)

Título da obra: Cristo abençoando as criancinhas.

No Evangelho, segundo Mateus, 19:14, o Cristo diz assim: “Deixai vir a mim os pequeninos, porque deles é o Reino dos Céus”.

Todavia, os pequeninos não são os apenas na idade. São também aqueles que se tornam Simples de Coração, capazes de compreender aquele recado que só os que amam entendem.

Cada um faça agora, durante esta prece, o seu pedido.

O meu é este: Jesus, ilumina com o Teu Amor o Parlamento Ecumeníssimo que Te pertence.

Ao cântico celeste da Noite Silenciosa, que começa assim: “Tudo é Paz...”, nós, com toda a certeza, daremos um enorme passo para nos integrarmos nessa Paz, que nem os governos, nem as baionetas podem conceder às nações. Quem pensa que a grande força é a material, a humana, está totalmente enganado. A vigorosa força, a potência inderrotável é a do Espírito.

Então, Irmãos católicos, protestantes, espíritas, esoteristas, os Irmãos do Islã, os Irmãos da Umbanda, do Candomblé, do Hari-Krishna, do Baha’I, do Vale do Amanhecer, Irmãos ateus, enfim, humanidade, supliquemos o que de melhor possamos pedir, conforme a nossa crença, para que as mães não precisem mandar seus filhos para a guerra, para que ninguém mais seja explorado. É uma ilusão? É uma utopia? Mas essa iluminação elétrica que embeleza o ParlaMundi há poucos anos seria utopia também. Os aviões seriam utopia. Tudo é utopia antes de se tornar realidade.

Diz a sabedoria antiga: “Quando o discípulo está pronto, o Mestre aparece”.

Cada um faça agora, à sua moda (nem quero saber qual), o seu pedido, o mais belo pedido, nesta Ceia de Natal, que é o Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica, que a Legião da Boa Vontade oferece de coração ao Brasil e à humanidade.

(Coral Ecumênico Boa Vontade, com mais de 500 vozes, interpreta a música Noite Silenciosa.)

Ninguém faz nada sozinho. Sem vocês não posso realizar nada. O melhor discurso de um ser humano são suas obras. Tenhamos Boas Obras, como nos pediu o Cristo. As Boas Obras que levantam os caídos, vestem os nus, alimentam os famintos, medicam os enfermos, socorrem os desamparados. Porque em cada um desses encontramos Jesus! Salve o Natal Permanente da LBV, “por um Brasil melhor e por uma humanidade mais feliz”!

Quem confia em Jesus não perde o seu tempo. Não perde mesmo! Não perde! Porque Ele é o Grande Amigo que não abandona amigo no meio do caminho.

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Nota dos editores — A segunda e última parte do discurso proferido por Paiva Netto durante a Cerimônia de Iluminação do prédio do ParlaMundi da LBV, na noite do dia 24 de dezembro, está publicada no artigo “Novas Conquistas”.

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.