As Olimpíadas do Espírito

Fonte: "Sagradas Diretrizes Espirituais da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo", volume 3, de 1987. | Atualizado em junho de 2023.

A origem dos Jogos Olímpicos

Em 1896, o rei Jorge I (1845-1913), da Grécia, abria em Atenas a moderna fase das Olimpíadas. O imperador romano Teodósio I (346-395) encerrara, em 393 da chamada Era Cristã, o primeiro período dos famosos jogos que imortalizaram Olímpia, cidade situada na parte ocidental da península do Peloponeso. Considerou-os pagãos. Pelo espaço de 1.500 anos, a ideia ficou adormecida, até que o barão Pierre de Coubertin (1863-1937), em 1892, para uma nova época nos esportes, iniciou as providências que, em 1894, levaram ao “Congresso pelo restabelecimento dos Jogos Olímpicos”, o que se deu em 1896 na milenar capital helênica (Atenas, Grécia). Milhares de pessoas viram a competição entre treze países em nove modalidades: atletismo, natação, ciclismo, luta, halterofilismo, tênis, ginástica, esgrima e tiro. Participaram 285 atletas. No princípio quase ninguém acreditava na retomada dos jogos. Em Paris, 1900, houve a primeira participação das mulheres: seis concorreram nas provas de tênis. O Brasil ingressou nas competições somente em 1920, em Antuérpia, Bélgica. De lá trouxe a sua primeira medalha de ouro: Guilherme Paraense, pistola automática, na prova de tiro.

Reprodução BV

Cerimônia de abertura olímpica em 1896. Em destaque, o Barão Pierre de Coubertin (1863-1937).

Divulgação

Guilherme Paraense.

Conta a mitologia grega que da luta entre Zeus e Cronos pela posse da Terra nasceram os Jogos Olímpicos, que ao longo de toda a Antiguidade observaram caráter religioso. Em 776 a.C., fixaram-se em Olímpia que, também de quatro em quatro anos, promovia uma “reunião de Paz, Fraternidade, cooperação e amizade entre os povos”. Sob a mesma invocação, o barão de Coubertin resgatou aquelas empolgantes disputas para os nossos dias. É dele esta consideração que se tornou conceito máximo das Olimpíadas: “O importante não é vencer, mas competir”.

Equação Espírito-matéria

As Olimpíadas são importantes, porque levam ao respeito do corpo, aliado à Alma da criatura, além de confraternizar povos que antigamente viviam digladiando-se. Mas tudo isso é prefácio do muito que tem de ser edificado, no sentido de efetuar-se a equação que harmonize matéria e Espírito. A Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo, suscitando tais assuntos, abre caminhos novos para a humanidade. 

Para que isso ocorra, não basta ao ser humano ter o corpo são. É necessário possuir o Espírito, sua parte eterna, também sadio. Equivocam-se os governantes de nações que insistem unicamente no aperfeiçoamento atlético e intelectual dos seus compatriotas. Menosprezam o precípuo: a indispensável formação espiritual do povo, de preferência baseada no Mandamento Novo do Cristo: “Amai-vos como Eu vos amei. Somente assim podereis ser reconhecidos como meus discípulos. (...) Não há maior Amor do que doar a própria vida pelos seus amigos (...) Porquanto da mesma forma como o Pai me ama, Eu também vos amo. Permanecei no meu Amor. (...) Quem cumpre o meu Novo Mandamento não morrerá mais: já passou da morte para a vida, pois todo aquele que crê em mim, jamais morrerá”. (Evangelho de Jesus, segundo João, 13:34 e 35, 15:12 e 13, 15:9, 5:24 e 11:26.) Eis a indispensável Lei de Solidariedade Mundial. Sem isso, a criatura é fatalmente levada às desilusões, aos erros e às frustrações, declaradamente ou não. É quando a mocidade se entrega aos vícios mais terríveis. Há décadas, registrei que o maior sofrimento é a ausência de Amor. (...)

Tela: Mathieu Ignace Van Brée (1773-1839)

Título da obra: Cristo cura um doente.

Não repetir o passado

Hoje, deve haver o cuidado que é de todos, para que não se venha a repetir, no mundo, o que se deu nos tempos antigos:Os jogos cresciam em importância e a corrupção acompanhava o ritmo”. Mais tarde, com a tomada da Hélade pelos romanos, total foi o prejuízo para a competição, em consequência da visão distorcida que os conquistadores tinham do Esporte. Segundo relatos antigos, a situação chegou a tal ponto que, no ano 68 depois da Primeira Vinda Visível do Cristo, Nero (37-68), competindo sozinho, se tornou “vencedor” — vejam só! — de uma corrida de cavalos, sem que ao menos alcançasse a linha de chegada, pois os corcéis haviam rompido as rédeas.

Olimpíadas do Espírito e olim-piadas

Derli Francisco

Jovens da Religião do Terceiro Milênio, atentas, realizam a leitura do livro Tesouros da Alma, do escritor Paiva Netto.

 

A lição ficou, de modo que a Chama Olímpica jamais volte a apagar-se. Pelo contrário, que afaste dos passos humanos a escuridão. Senão, o que veremos? O trágico fim de um ideal que avança além do campo dos esportes, lastimavelmente transformado em olim-piadas... Certamente, o esforço de Pierre de Coubertin e de outros idealistas seguirá caminho luminoso pela História, juntando, lá adiante, às notáveis competições do corpo as do Espírito.

Com frequência, há pensadores confundindo Espírito com mera projeção da mente. Não falo aqui desta, mas da Energia Divina Racional que a ilumina e que sobrevive à matéria, obedecendo a Leis Universais que, com sabedoria, a regem desde a criação dos mundos. Ao não a respeitar, o homem-corpo mais ou menos se inutiliza; sem ela, é simplesmente o cadáver. Corpo e Espírito esclarecido são partes inseparáveis para o surgimento da verdadeira civilização na Terra.

Um viva! às Olimpíadas dos músculos, mas também um vibrante salve! às Olimpíadas do Espírito.

Egeziel Castro

Em 2017, o Estádio Serra Dourada foi palco do 1° jogo da final do Campeonato Goiano, disputado por dois dos maiores clubes do estado de Goiás, o clássico Vila Nova X Goiás. Na oportunidade, a LBV levou a faixa da campanha “Esporte é Vida, não violência!”, que foi carregada, momentos antes do início da partida, pela equipe de gandulas.

De fato, o Esporte não surgiu para extravasar o ódio do ser humano. Daí a campanha que lancei na LBV, no fim da década de 1970: Esporte é vida, não violência!

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.