Somos aquilo que manifestamos ao mundo

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Em meu livro Jesus e a Cidadania do Espírito (2019), destaco a preocupação e o respeito que as tradições espirituais têm para com a existência celeste, que antecede e se sobrepõe à matéria. O filósofo Lao-tsé (aprox. 570-490 a.C.) esclarece-nos: “Nas profundezas do Insondável jaz o Ser. Antes que céu e terra existissem, já existia o Ser. Imóvel, sem forma, o Vácuo, o Nada, berço de todos os Possíveis. Para além de palavra e pensamento está Tao [Caminho], origem sem nome nem forma, a Grandeza, a Fonte eternamente borbulhante, o ciclo do Ser e do Existir” (Tao Te Ching, 25).

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Confúcio

Portanto, dessas “profundezas do Insondável” surgimos nós e para lá, um dia, retornaremos. É indispensável, por isso mesmo, recorrermos, pela Prece elevada, à Sabedoria Plena que vem do Mundo (ainda) Invisível para guiar nossas ações. Para o que é urgente assimilarmos o princípio básico de Fraternidade que devemos ter para com o nosso próximo. Do contrário, poderemos acabar enquadrados nesta admoestação do sábio chinês Confúcio (551-479 a.C.), contemporâneo de Lao-tsé: “Se não somos capazes de servir ao ser humano, como podemos servir aos Seres Espirituais?” (Analectos, 11:12).

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Lao-tsé

Do que se infere, vale o reforço: para se manter o contato superior com o Mundo Espiritual, necessário se faz, por espírito de Solidariedade, servir às criaturas terrestres. E disse mais o filósofo: “Quem ofende o Céu já não tem a quem orar” (Analectos, 3:13).

O que determina a direção dos nossos passos é o destino que escolhemos seguir. Somos aquilo que manifestamos ao mundo, exteriorizando o que há em nosso íntimo.

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Hidemaru Deguchi

O Terceiro Guia Espiritual Coadjuvante da Oomoto — religião de origem japonesa com base no Xintoísmo, firmada em preceitos universalistas —, Hidemaru Deguchi (1897-1991), em seu livro Onde o Pensamento — aí o Mundo, traz importante reflexão: “Quando pensamos, algo se cria; o que se cria adere-se a nós. Logo, é apenas cada coração que faz surgir ora o inferno, ora o paraíso”.

Por isso, é primordial vigiarmos nossas atitudes para que elas estejam sempre no caminho do Bem, a fim de criarmos o mérito indispensável para sentir nossa consciência espiritual em Paz.

Sobre a relação direta entre as ações que semeamos nesta vida e o que colheremos na vindoura — porque a morte não é o fim —, trazemos a palavra do imam Ali ibn Abi Talib (aprox. 600-661). Ele foi político, militar e principal conselheiro espiritual dos califas nomeados após a morte do Profeta Muhammad (570-632) — “Que a Paz e as Bênçãos de Deus estejam sobre ele!” —, seu primo e genro. Posteriormente, tornou-se também um califa. Profunda lição ele nos transmitiu em seu Sermão 156: “Este mundo chega a um fim com a morte, enquanto o outro mundo é assegurado pelas ações virtuosas neste mundo. Não haverá escapatória da ressurreição para as pessoas. Estão dirigindo-se para este derradeiro fim no seu curso determinado”.

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Buda

O Buda (aprox. 563-483 a.C.) ensinou:

Com a jornada terminada e livre de lamentações, completamente libertos de todas as coisas, naqueles que destruíram todos os grilhões o fogo das paixões não é encontrado.

“Eles seguem com atenção plena, não se deleitando com nenhuma morada, assim como cisnes abandonando seu lago, lar após lar eles deixam para trás”. (Dhammapada 90 e 91)

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Krishna

Nessa mesma trilha, consta do Bhagavad Gita lição de Krishna:

Canto 16

1. Valor, pureza de coração, perseverança na yoga — conhecimento e ação —, caridade, domínio de si mesmo, sacrifício, estudo das escrituras, austeridade, retidão,

2. Não violência, veracidade, ausência de ira, abnegação, tranquilidade de ânimo, ausência de maledicência, compaixão por todos os viventes, desprendimento da ganância, gentileza, modéstia, circunspecção,

3. Energia, perdão, fortaleza, pureza, liberdade da má vontade e da arrogância — tais são os dotes daquele que nasceu na condição divina.

“(...)”

NASA JPL

Eis aí: o Mundo Espiritual não é uma abstração. É uma realidade que se manifesta, desde o princípio dos tempos, por meio das mais diversas correntes do pensamento espiritual-humano.

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.