Dia dos Vivos

Fonte: Reflexão de Boa Vontade extraída do livro “Os mortos não morrem”, de outubro de 2018. | Atualizada em outubro de 2021.

Dois de novembro é conhecido como dia dos mortos. Entretanto, na Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo, o proclamamos como o Dia dos Vivos, porque os mortos não morrem! 

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Quando meus queridos e amados pais, Idalina Cecília de Paiva (1913-1994) e Bruno Simões de Paiva (1911-2000), e minha adorada irmã, Lícia Margarida de Paiva (1942-2010), faleceram, muito padeceu o meu coração. Contudo, prontamente comecei a entoar comovido colóquio com o Criador, amenizando a saudade e lhes transmitindo mensagens de paz e de gratidão. Logo senti que continuam vivos, porque os mortos não morrem! Costumo afirmar: quando se ora, a Alma respira, fertilizando a existência espiritual e humana. Fazer prece é essencial para desanuviar o horizonte do coração.

Arquivo BV

Dona Idalina, "seu" Bruno e Lícia. A família Paiva num álbum de família.

  

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Alziro Zarur   

Alziro Zarur (1914-1979), procla­mador da Religião do Terceiro Milênio, ensinava que “Deus não nos criou para nos matar” e que “Não há morte em nenhum ponto do Universo”. Minha solidariedade, pois, aos que sofrem a aparente ausência de seus entes queridos. Mas estejam certos de que realmente os mortos não morrem! Um dia, todos haveremos de nos reencontrar.

“A morte não existe 

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Teixeira de Pascoaes

E a dor é uma ilusão do nosso sentimento.” Alentadoras palavras deixadas a nós pelo poeta português Teixeira de Pascoaes (1877-1952), coincidentemente nascido num “Dia de Finados”. Que Deus o tenha em bom lugar! 

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João Paulo II

A ocasião faz-me recordar o pronunciamento do papa João Paulo II (1920-2005), em 2 de novembro de 1983, ao se dirigir aos fiéis reunidos no Vaticano. Nele, Sua Santidade enfatiza que o diálogo com os mortos não deve ser interrompido: “Somos convidados a retomar com os mortos, no íntimo do coração, aquele diálogo que a morte não deve interromper. (...) Com base na palavra reveladora de Cristo, o Redentor, estamos certos da imortalidade da alma. Na realidade, a vida não se encerra no horizonte deste mundo” (...).  (Os destaques são meus.)  

 Não poderia abdicar do ensejo de reproduzir magníficos versos de Zarur, constantes de sua magistral obra Poemas da Era Atômica (1949), acerca da realidade primeva, que é a vida no Mundo Espiritual: 

Poema do Imortalista 

Dois de novembro é um dia, na verdade, 

Rico em lições para quem sabe ver: 

A maior ilusão é a realidade, 

Já ensinava o excelente Paul Gibier. 

 

Os vivos (pseudovivos) levam flores 

E lágrimas aos mortos (pseudomortos); 

E os mortos se comovem ante as dores 

Dos vivos a trilhar caminhos tortos. 

 

Legítimos defuntos, na ignorância 

Desses espirituais, magnos assuntos, 

Parece que inda estão em plena infância, 

E vão homenagear falsos defuntos. 

 

Não é preciso ser muito sagaz 

Para sentir que a vida tem seus portos: 

Um dia, o Cristo disse a um bom rapaz 

“Que os mortos enterrassem os seus mortos”. 

 

 Amigos, por favor, não suponhais 

Que a morte seja o fim de nossa vida; 

A vida continua, não jungida 

Aos círculos das rotas celestiais. 

 

Os mortos não estão aí, cativos 

Nos túmulos que tendes ante vós: 

Os finados, agora, são os vivos; 

Finados, mais ou menos, somos nós. 

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Daí a importância de refletirmos acerca desse fato inexorável: existir é uma jornada infinita, ora aqui, na Terra, ora acolá, no Espaço. É compreensível que sintamos saudade dos que partiram, mas não nos devemos exceder em lágrimas, porque a nossa aceitável dor pode perturbar-lhes, no Plano Espiritual, a adaptação à nova conjuntura. 

O Profeta Muhammad (aprox. 570-632) — “Que a Paz e as Bênçãos de Deus estejam sobre ele!” —, no Corão Sagrado, 3a Surata, verso 148, nos traz este ensinamento relativo às recompensas aos bons no Mundo Espiritual: “Deus lhes concedeu a recompensa terrena e a bem-aventurança na outra vida, porque Deus aprecia os benfeitores!”  

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Jane Bichmacher de Glasman

Doutora em Língua Hebraica, Literaturas e Cultura Judaica pela Universidade de São Paulo (USP), a professora Jane Bichmacher de Glasman revela que, “no pensamento judaico, vida e morte formam um todo, sendo aspectos diferentes da mesma realidade, complementares uma da outra”

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Allan Kardec

 Temos ainda a consideração de Allan Kardec (1804-1869) , o sábio de Lyon, o Codificador do Espiritismo, em seu livro A Gênese, sobre o relacionamento que assevero ser compulsório entre este mundo e o seu correspondente invisível e com outros orbes: “Pelas relações que hoje pode estabelecer com aqueles que deixaram a Terra, possui o homem não só a prova material da existência e da individualidade da Alma, como também compreende a solidariedade que liga os vivos aos mortos deste mundo e os deste mundo aos dos outros planetas”. 

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Rui Barbosa

 Rui Barbosa (1849-1923), jornalista, escritor, parlamentar, ministro da Fazenda, diplomata e notável jurista brasileiro, captou esse divino propósito: “A morte não extingue: transforma; não aniquila: renova; não divorcia: aproxima”. 

 De fato, todos nós, “mortos” e vivos, formamos uma única família. 

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.