A Grande Família Humanidade

Fonte: Jornal A Tribuna Regional, de Santo Ângelo/RS, edição de 3 e 4 de maio de 2008, sábado e domingo. | Atualizado em abril de 2023.

Embora a realidade contemporânea ofereça-nos panorama de violência doméstica; de número cada vez maior de jovens envolvendo-se com drogas; da própria descoberta da sexualidade, pelas crianças, pulando etapas importantes na sua formação psicológica; na contramão desses tristes fatos, pesquisas também relatam que até mesmo “os mais modernos”, na hora em que a porca torce o rabo, vão procurar apoio na casa da mamãe ou da vovó...

Respeito a opinião dos que apontam como certa a falência da família. Todavia, questiono o raciocínio de afirmarem que o seu valor, no fortalecimento da sociedade, chegou ao fim. Ora, ela não existe sem a família. E nenhuma transformação na Terra tem sido pacífica.

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No 9o Congresso da Mocidade Legionária da LBV, 1984, declarei que — num mundo constantemente ameaçado pela selvageria, convém lembrar que, pela queda das barreiras de espaço e tempo, quanto mais anunciam seu fim, a família cresce e passa a chamar-se humanidade. Não estamos, no século da bomba de hidrogênio, a coberto de coisa alguma, mesmo que aconteça aos antípodas... Num período de profundas mutações, todos precisam de auxílio. O “bloco do eu sozinho” deixará de ter vez, apesar da globalização e das muitas análises contraditórias feitas sobre ela. Não são apenas os videntes de fim de ano que erram... Os analistas dos fatos sociais, políticos e econômicos também. A carência crescente de bom senso no mundo forçará o ser humano, por intensa necessidade, a recompor a família, família universal, a humanidade, ainda que tendo algumas ovelhas transviadas…

E a Família? Sobrevive!

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Paulo

A Família está acabando? Não. Ela está evoluindo, como é natural. E dentro de toda a confusão deste término de século, de milênio e início de uma era nova, por mais incrível que pareça a certos apressados, ela está, mesmo que aos trancos e barrancos, à procura de Algo, que um dia descobrirá— com um nome ou nome algum — ser Deus. Não me canso de repetir: a Mãe-Pai Celeste é Amor, sem o qual o ser humano não pode subsistir dignamente, porquanto, querendo ou não, faz parte Dele. Anotou o Apóstolo Paulo, na Segunda Epístola aos Coríntios, 6:16: “Vós sois o Templo do Deus vivo”.

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Sem traulitada no crânio

Nada sobrevive sem Amor. Um dia, todos chegaremos a essa feliz compreensão. O progresso dos costumes é um procedimento mais antigo do que muita gente pensa... Está chamando maior atenção, porque a sua velocidade aumentou bastante. Vejam bem, por meio desta alegoria, como o processo é remoto: quando um primata qualquer resolveu não mais usar traulitada no crânio para seduzir a sua escolhida ou a primata decidiu não mais fazer o mesmo com o seu escolhido, certamente alguns daquele tempo temeram “tamanho absurdo”“Isto é um perigo, onde é que está o respeito? Dessa forma a Família está fadada ao mais triste fim”. E não foi nada disso... O que ocorria era efeito da evolução. Afinal, o ser humano não é caça. A Família só acabaria quando não houvesse Amor. E este não termina jamais, visto que está para o Espírito como o oxigênio para o corpo humano.

A consideração de Fernanda Montenegro

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Fernanda Montenegro

Gosto de citar o exemplo da grande amiga Fernanda Montenegro, quando, num programa de televisão, perguntaram-lhe: “Você acha que o teatro está acabando?” A inteligente atriz respondeu: “O teatro é como a família; desde pequena ouço falar que ela vai acabar, e ela continua aí”.

Certíssima, a querida Fernanda: a Família evolui, porém não acabará nunca. O Amor, quando autêntico, sempre vence! Pode demorar, mas triunfa, mesmo porque temos várias existências que se vão complementando até a nossa integração total em Deus, que é como — com insistência repetimos, justamente Amor (Primeira Epístola de João, 4:8). Numa época de tanta agressividade, é vital que mais se acredite nele. Em períodos de grandes reformas, geralmente se peca pelo exagero. Aí então é que o Amor se torna imprescindível. Quando há seca, suplicamos chuva.

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Isaac Newton

Como diz a sabedoria popular: “depois da procela vem a calmaria”. Ora, a permissibilidade alcançou planos absurdos. Mas virá a época do equilíbrio. Todo excesso cansa, enfada e é lançado fora. Quanto mais se estende um elástico, mais ele volta sob o efeito da esticada que se lhe deu. E pode atingir a face de quem o puxou com ímpeto. É conclusão da Física. A Terceira Lei de Newton, plenamente em vigor.

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.