Inclusão digital

Fonte: Jornal de Brasília, edição de 27 de abril de 2010, terça-feira.

Nesta primeira década do terceiro milênio, o Brasil ocupa posição de destaque na internet. Em recente pesquisa do Ibope Nielsen Online, o país terminou 2009 com a expressiva marca de 67,5 milhões de acessos, 8,2% maior em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Os dados englobam a navegação feita pelos internautas das residências, dos locais de trabalho, das lan houses, das bibliotecas e dos telecentros.

Não obstante esse avanço, temos muito a conquistar no que diz respeito ao acesso de um número cada vez maior de usuários a essa ferramenta imprescindível, quando bem usada, para a democratização do saber.

O programa Sociedade Solidária, da Boa Vontade TV (Oi TV — Canal 212 — e Net Brasil/Claro TV — Canais 196 e 696), entrevistou o diretor de projetos do Instituto Tecnológico Impacta, professor Ricardo Infantozzi, que trouxe sua colaboração ao tema.

Indagado acerca do reflexo da inclusão digital, o acadêmico foi taxativo: “É muito importante verificar quão realizadas se tornam as pessoas que passam a ter a oportunidade de uma renda melhor, de um crescimento profissional, após passar por uma capacitação, por algo que permita que elas desenvolvam todo o seu potencial”.

Nova sociedade

Sobre os obstáculos para a expansão do universo digital brasileiro, Infantozzi apontou: “Para que haja uma inclusão social efetiva, três fatores são fundamentais: acesso ao computador, à rede de dados mundial e à capacitação. Sem abarcar esses três aspectos, esse tripé do conhecimento, não é possível se inserir na nova sociedade”.

Revelou ainda que, dos três itens citados, o hardware é o mais complicado. Contudo, essa dificuldade pode ser amenizada com a própria tecnologia: “O cloud computing [computação por nuvem] permite que um computador quase que vazio ou mesmo um celular – tendo os softwares disponíveis na internet – possa ter a capacidade tanto de processamento quanto de armazenamento compartilhado em toda a base ociosa na rede”.

hardware é a parte física do computador: peças e componentes.

Escolas e parcerias

Durante a entrevista, o diretor do Instituto Impacta acrescentou que atualmente o mercado remunera melhor os profissionais do conhecimento, aqueles que atuam por tornar a sociedade mais integrada: “E se vivemos a era do conhecimento é fundamental a participação das escolas dentro desse processo”.

Nesse contexto, a Legião da Boa Vontade desenvolve em seus centros comunitários e educacionais cursos de inclusão digital voltados à população de baixa renda.

Ainda sobre o papel dos estabelecimentos de ensino na preparação do aluno para o convívio com a tecnologia, o professor Ricardo chamou a atenção para o fato de que “toda a capacitação deve partir do preparo do professor, mostrando a ele como agregar valor à sua aula utilizando a tecnologia”.

Além disso, as parcerias podem ser estabelecidas nas próprias escolas. Exemplificou: “Saliento esse aspecto nas instituições de ensino superior. Muitos dos estudantes que lá estão têm a capacidade de ser multiplicadores para os jovens aprendizes, para as pessoas com deficiências. Bastam apenas Boa Vontade e dedicação de cada um no aspecto do voluntariado. Isso é muito importante”.

Banda larga, netbooks e notebooks

Quanto a inovações que facilitam a propagação e ingresso à internet, Infantozzi ressaltou: “É essencial que os custos de toda essa infraestrutura para acesso à informação sejam cada vez menores. E o principal fator é o da banda larga. Uma vez conectado com o mundo, as possibilidades são infinitas. A parte da máquina, do netbook, do notebook, ou seja, a porta de entrada para a rede mundial do conhecimento, ela também é importante, mas não o elemento principal.

Grato, professor Ricardo, por suas elucidativas explanações.

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.