O Natal de Jesus é a expansão da Fraternidade Ecumênica

Fonte: Livro "Crônicas & Entrevistas", de 2000. | Atualizado em novembro de 2022.

O Natal de Jesus é a expansão da Fraternidade Ecumênica. Esse sentimento, que deve ser constante, pode nos fazer subsistir como seres humanos civilizados. A Solidariedade sem fronteiras resume a proposta que a Legião da Boa Vontade (LBV), desde sua fundação, em 1o de janeiro (Dia da Paz e da Confraternização Universal) de 1950, vem apresentando ao nosso país e ao mundo. Alguma coisa a mais tem de ser aliada ao ideal de tanta gente boa que deseja ver um “Brasil melhor e uma humanidade mais feliz”, para que, a certa altura da vida, não se declare desiludida, desesperançada, quase que derrotada. Talvez porque não tenha percebido o alto significado do espírito de Caridade, que é muito mais que um simples ato de socorrer um pedinte, pois se trata de verdadeira estratégia, capaz de fazer sobreviver o ser humano e tudo aquilo que lhe é necessário à vida.

Tela: Gebhard Fugel (1863-1939)

Detalhe da obra: Cristo cura os enfermos.

A ambiência do 25 de Dezembro deve ser a da Fraternidade Total, agora, mais do que nunca, imprescindível ao mundo, para que o ser humano de fato se transforme no cidadão planetário — quiçá o Cidadão do Espírito, que todos somos na verdade — que positivamente saiba defender-se da exploração mundial endêmica.

Não somente o corpo fica enfermo, a sociedade também. Visando contribuir para melhorar esse estado de coisas, erguemos em Brasília, o Templo da Boa Vontade (TBV), que é o Templo do Ecumenismo Irrestrito, ou, ainda, o Templo do Coração, pronto a agasalhar toda e qualquer criatura humana e espiritual, isto é, o Capital de Deus. O Templo da Paz, como também é conhecido, com o Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica, o ParlaMundi da LBV, é o monumento mais visitado de Brasília/DF, segundo dados da Secretaria de Turismo do Distrito Federal (Setur-DF).                                                 

Thiago Bianchi

                                                    

Realçamos a necessidade imperiosa de viver-se o Natal Permanente, o Natal diário para a fome (espiritual e física) do povo, que também é diária.

Lei da Solidariedade Universal

O Novo Mandamento de Jesus é o denominador comum capaz de, fraternalmente unindo, pacificar os corações. É a Religião da Amizade, do Bom Companheirismo, destacado por João Evangelista, no Apocalipse. É a Lei da Solidariedade Universal, portanto espiritual, moral e social.

Reprodução BV

Giuseppe Mazzini

Religião é para dirimir conflitos que nascem da intimidade, enquanto egoísta, do ser humano. Asseverou Giuseppe Mazzini (1805-1872), patriota e revolucionário italiano: “A Vida nos foi dada por Deus para que a empreguemos em benefício da Huma­nidade”.

Arquivo BV

Alziro Zarur  

O saudoso fundador da LBV, Alziro Zarur (1914-1979), ensinava que: “O ser humano foi criado de tal forma que só pode ser feliz praticando o Bem”.

Reprodução BV

Augusto Comte

E Augusto Comte (1798-1857), o filósofo do Positivismo, concluía: “Viver para os outros é não somente a Lei do dever, mas também da felicidade”.

O antropófago alimentar-se com talheres

O ser humano é quem realiza o mundo: se ele estiver espiritualmente mal, a sociedade não poderá encontrar-se bem. É matemático.

Reprodução BV

Leonardo da Vinci

Sem a vivência do Amor Fraternal, o ser humano será sempre um desajustado. (...) É resultado da vida antinatural que as multidões levam. Basta ver a estúpida agressão à Natureza, que não cessa... Que é isso, senão suicídio? Nós não somos apenas corpo, mas igualmente Espírito, ao qual pouca atenção a comunidade moderna tem oferecido, por restringir seu conceito a cérebro e mente, resultantes, pois, de ação meramente orgânica, nada mais do que isso. Daí a cultura autofágica que nos ameaça. Alguém já perguntou, analisando o comportamento humano ao longo da História, se é progresso o antropófago alimentar-se utilizando talheres.

Ernst Izgur, pensador espiri­tualista, cita desabafo atualíssimo de um dos maio­res gênios da Renascença, Leonardo da Vinci (1452-1519): “Que civilização é esta em que tudo o que o homem constrói serve para a destruição dele próprio?”

A grande lição dos 2 mil anos de Cristianismo

Ora, minhas Amigas e minhas Irmãs, meus Amigos e Irmãos, quando há pobreza de Amor, há fartura de ódio. E o resultado disso é a miséria terrena. Rico é aquele que ama.

Se conseguirmos como cidadãos do mundo, nesta época de globalização, finalmente ser mais humildes e generosos, saberemos tirar do Natal de Jesus seu grande ensinamento para todos os dias. Eis a grande lição que fica: é necessário que o Natal de nosso Divino Mestre se multiplique como a expansão da Fraternidade, pois não haverá sobrevivência sem ela.

Profeta Isaías e a poluição da Terra

Afresco: Michelangelo (1475-1564)

Detalhe da obra: O Profeta Isaías.

À mundialização das ambições des­medidas, devemos antepor a da Solidariedade sem fronteiras. Ou não restará ninguém para contar a História. Que o diga o Profeta Isaías, no seu famoso livro, 24:3, 5, 12, 13 e 20:

“3 A terra será de todo devastada e totalmente saqueada, porque o Senhor Deus é quem proferiu esta palavra.

“5 Na verdade a terra está contaminada por causa dos seus moradores [portanto, não por causa de Deus], porquanto transgridem as leis, violam os estatutos, e quebram a aliança eterna.

“12 Na cidade reina a desolação, e a porta está reduzida a ruínas*1.

“13 Porque será na Terra, no meio destes povos, como o varejar da oliveira, e como o rebuscar, quando está acabada a vindima.

“20 A terra cambaleia como um bêbado, e balanceia como rede de dormir. A sua transgressão pesa sobre ela. Ela cairá e jamais se levantará”.

Significa dizer que o célebre vidente da Escritura Antiga, com acerto de milhares de anos, anteviu a poluição do ar, das terras, das águas, do ser humano, a ruína do ecossistema, o ferimento da camada de ozônio e outras barbaridades causadas pela insensatez dos seres terrestres, fatos que comprovam a atualidade das previsões do Evangelho e do Apocalipse de Jesus, no Novo Testamento.

Não foi sem propósito que o Cristo afirmou: “Passará o Céu, passará a Terra, mas as minhas palavras não passarão”*2 (Boa Nova, segundo Mateus, 24:35).

Verniz de civilidade do moderno troglodita

A ambiência do Natal deve constantemente inspirar a Religião, a Filosofia, a Ciência, a Economia, a Arte, os Esportes e, mais em parti­cular, a Política, enfim, todos os setores da cultura universal.

Não compreender a necessidade de buscar viver, permanentemente, o verdadeiro espírito do 25 de dezembro, numa época de materialismo desagregador, significa possuir, apesar de todo o avanço tecnológico vigente, apenas o verniz de civilidade por cima de uma inconsciência de causar inveja ao mais convicto dos trogloditas.

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*1 Nota de Paiva Netto — Antigamente, as cidades eram cercadas de muros. Tinham portas, que abriam e fechavam, para que o povo entrasse e saísse. Elas eram fechadas à noite e também durante os cercos dos inimigos, quando estes queriam invadi-las. Ora, dizer o Profeta que “a porta está reduzida a ruínas” significa estar a cidade indefesa (no caso, o próprio mundo), por isso nela “reina a desolação”.

*2 Esta passagem do Evangelho de Jesus, segundo Mateus, 24:35, faz parte do Oratório “O Mistério de Deus Revelado”, de autoria de Paiva Netto, com orquestração de Vanderlei Pereira, que já vendeu mais de 550 mil CDs no Brasil.

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.