Fonte: Antiga revista “Manchete”, edição de 27 de maio de 2000. | Atualizado em abril de 2024.
Constantemente me chegam cartas, bilhetes, recados daqueles que enfrentam grandes padecimentos. São mães cujos filhos morreram, pais lutando para afastar seres queridos do vício, jovens à procura de um rumo certo, gente fragilizada por um mal incurável, velhinhos abandonados por quem lhes deveria proteger a existência. E igualmente há o problema da “solidão acompanhada”. Talvez seja um dos fatores pelos quais as pessoas hoje se exponham tanto, como a dizer, apesar de toda a proclamação de sucesso que se lhes fazem: “Ei, estou aqui! Também tenho coração!”
Uma senhora, a quem chamarei de Dona Rosalina, é uma dessas criaturas sofridas que anseiam, pelo menos, por uma palavra de conforto. Não vou entrar na particularidade do seu caso. Mas posso revelar uma pequena sugestão que lhe fiz e que, segundo me relata, lhe tem servido de apoio.
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São Bento
Vali-me de minha própria experiência. Nas horas de dificuldade, quando parece que não há saídas para certas questões, recorro à oração e ganho forças para o trabalho. E não me tenho arrependido, ao concordar com o lema do venerável São Bento (480-547): “Ora et labora” [Ora e trabalha].
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Geraldo de Aquino
Passei-lhe então uma prece que, pela primeira vez, ouvi do saudoso mineiro de Santos Dumont, Geraldo de Aquino (1912-1984). Espero que sirva a quem me honra com a atenção, se, na liça diária, estiver atravessando provações que, às vezes, não pode revelar ao maior amigo ou à mais sincera confidente. Ninguém, religioso ou ateu, se encontra livre disso.
A Caridade não é cativa da restritíssima acepção a que alguns a querem condenar. Defendo, há décadas, que se trata da mais elevada Política, porquanto constitui ferramenta imprescindível para ajustar os mecanismos de uma sociedade ainda hoje regida pelo individualismo oportunista. Ilumina o Espírito do cidadão. Ela inflama a coragem da gente. Por que perder a Esperança? A primeira vítima do desespero é o desesperado.
Vamos, então, elevar o pensamento a Deus com o enlevo de tocante oração. De autoria do Espírito Cáritas, a súplica foi psicografada na noite de Natal de 1873, por madame W. Krell, em Bordeaux, França, e publicada em Rayonnements de la Vie Spirituelle [Irradiações da Vida Espiritual].
Prece de Cáritasshutterstock
“Deus, nosso Pai,/ que sois todo Poder e Bondade,/ dai força àqueles que passam pela provação,/ dai luz àqueles que procuram a Verdade,/ ponde no coração do homem a Compaixão e a Caridade./ Deus!/ Dai ao viajor a estrela-guia,/ ao aflito, a consolação, ao doente, o repouso./ Induzi o culpado ao arrependimento./ Dai ao Espírito a Verdade,/ à criança, o guia,/ ao órfão, o pai./ Senhor! Que a Vossa Bondade se estenda sobre tudo o que criastes./ Piedade, Senhor,/ para aqueles que não Vos conhecem,/ esperança para aqueles que sofrem./ Que a Vossa Bondade permita/ aos Espíritos consoladores/ derramarem por toda a parte a Paz,/ a Esperança, a Fé!/ Ó Deus!/ Um raio, uma centelha do Vosso Amor/ pode iluminar a Terra,/ deixai-nos beber nas fontes/ dessa Bondade fecunda e infinita./ E todas as lágrimas secarão,/ todas as dores se acalmarão./ Um só coração, um só pensamento/ subirá até Vós,/ como um grito de reconhecimento e de Amor./ Como Moisés sobre a montanha,/ nós Vos esperamos com os braços abertos,/ Ó Bondade,/ Ó Beleza,/ Ó Perfeição. Nós queremos, de alguma sorte,/ merecer a Vossa misericórdia./ Deus!/ Dai-nos força,/ ajudai o nosso progresso/ a fim de subirmos até Vós;/ dai-nos a Caridade pura e a humildade;/ dai-nos a fé e a razão;/ dai-nos a simplicidade,/ Pai,/ que fará de nossas Almas/ o espelho onde se refletirá/ a Vossa Divina Imagem.”
Costumo dizer que orar é viver a Lei de Deus a todo momento, porque fala ao coração, e este é a porta de Deus em nós.
Com a palavra, um Nobel de Medicina e Fisiologia
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Alexis Carrel
O dr. Alexis Carrel (1873-1944), Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina (1912), explicou, na edição de março de 1941 da revista Reader’s Digest, em seu artigo “Oração é Poder”:
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Ralph Emerson
“A oração é uma força tão real como a gravidade terrestre. Na minha qualidade de médico, tenho visto enfermos que, depois de tentarem, sem resultado, todos os outros meios terapêuticos, conseguiram libertar-se da melancolia e da doença pelo sereno esforço da prece. É esta, pois, no mundo, a única força que parece capaz de superar as chamadas ‘Leis da Natureza’. (...) Há muitas pessoas que se limitam a ver na prece uma rotina formal de palavras, um refúgio para os fracos ou mero apelo infantil movido pelo desejo de coisas materiais. Concebê-la, entretanto, nestes termos, é menosprezá-la erroneamente (...). Não é possível que algum homem ou mulher reze, um momento que seja, sem obter qualquer resultado. ‘Ninguém jamais rezou’, disse Emerson, ‘sem que houvesse aprendido alguma coisa’. Bem compreendida em sua essência, a prece é uma atividade madura indispensável ao mais pleno desenvolvimento da personalidade — a definitiva integração das mais altas faculdades de que é dotado o homem. Somente pela prece alcançamos aquela completa e harmoniosa conjugação de corpo, mente e Espírito que dá à fraca argila humana sua solidez inabalável. (...) Toda vez que nos dirigimos a Deus, em oração fervorosa, melhoramos de corpo e Alma”.
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Vejam que não se trata de afirmativa de nenhum “místico abilolado”, mas de um senhor cientista, cônscio de sua reputação, um Prêmio Nobel de Medicina.
Independência da dor só se consegue com o coração forte.
José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.
Comentários 14
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marcos pedrozo
Nunca me esqueço de, um dia de improviso em Brasília, no TBV, ter ouvido o Irmão Paiva falar: "Não dou um passo sequer sem antes estender minhas mãos para JESUS". Esse é, com certeza, aliado as fervorosas orações, o grande segredo do seu sucesso! Parabéns, irmão querido, por nos inspirar e ensinar tão simples solução para os grandes problemas do nosso cotidiano.
Luciula rueda Cardoso
Obrigada, querido Paiva Netto! Seus artigos são bálsamos para a minha alma!! Como bem diz o senhor: Orar fortalece a quem ora! Parabéns!!!
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