Razão, Aristóteles e sentimento

Fonte: Jornal O Sul, edição de 21 de janeiro de 2008, segunda-feira. | Atualizado em janeiro de 2020.

Um dia desses, repassava páginas do meu livro As Profecias sem Mistério, 1998. Achei oportuno trazer-lhes um trecho extraído do capítulo “Apocalipse: Razão e Coração”. Espero que o apreciem:

Certa vez, à mesa, enquanto realizávamos a Cruzada do Novo Mandamento de Jesus no Lar, um jovem presente, àquela altura com 17 anos, concluiu com sagácia: “Realmente, o ser humano, não obstante o extraordinário avanço tecnológico, não está evoluindo como deveria. Na verdade, só está andando mais depressa, sem saber com certeza, até agora, para onde vai. Por esse motivo, o mundo continua sendo um imenso quebra-cabeça”.

Arquivo BV

Alziro Zarur

O jornalista Alziro Zarur (1914-1979) ensinava, nas suas prédicas populares, evangélicas e apocalípticas, que a saída para qualquer problema, por pior que seja, é “ligar a tomada no Gerador que é o Cristo Jesus”, o que pode soar absurdo a homens e mulheres excessivamente racionais.

Reprodução BV

Aristóteles

Não sou contra a Razão, como não me oponho ao sentimento. “In medio virtus”, preconizava Aristóteles (384-322 a.C.), em Ética a Nicômaco, seu filho. Eis por que venho asseverando que precisamos unir à inteligência do cérebro a do coração. Costumo valer-me deste exemplo: quando em boa hora surgiu o Iluminismo, depois da Idade Média, já na Era Moderna, muitas pessoas viram no racionalismo a chave efetiva, enquanto acusavam as religiões pela aflição permanente das criaturas. É óbvio que a Razão realiza importantíssimo serviço pelo crescimento dos povos, mas não bastou para emancipá-los de seus tormentos. Trouxe incontáveis inovações. Contudo, somou-se àquilo que os iluministas qualificaram de erros religiosos uma carrada de novos enganos. Adicionaram-se aos anteriores os deslizes advindos do uso desmedido do racional.

Novamente, o ser humano colocou-se na busca do equilíbrio, um caminho para a solução de suas angústias.

David Sager - unsplash

É quando, radioso, emerge, liberto da obscuridade e do estigma do medo, o Apocalipse do Divino Chefe: uma carta de amigo que apenas deseja o bem do destinatário, escrita com providencial antecedência aos conflitos que a Humanidade teria de enfrentar, pelos milênios, em virtude da desarmonia, criada por si mesma, para com as leis universais, eternas. Jesus é suprema expressão de Fraternidade. Não transfiramos a Ele os equívocos praticados em Seu nome. E é por esse prisma que o texto profético deve ser analisado, até mesmo pelos ateus. (...)

Há respeitáveis pensadores que fazem muita questão de ser racionais (Bem que um pouco de ceticismo seja saudável à inteligência). Por isso, talvez demorem a entender a programação divina para o progresso das gentes, porquanto, para compreensão dela, é imprescindível devidamente observar a lei do Amor, que ilumina a solidariedade social. Na trágica situação em que se encontram alguns países, o Amor Fraterno tem demonstrado ser a trajetória a seguir, com o envolvimento humano conjunto das nações, e seu grande poder estrutural e econômico, daqui para a frente, sem arrefecer jamais. O beneficiado por tudo isso, apesar da ganância ainda existente, será o mundo globalizado.

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.