Seca e queimadas no Brasil

Fonte: Jornal de Brasília, edição de 24 de agosto de 2010, terça-feira. | Atualizado em novembro de 2019.

É estarrecedora a notícia veiculada na sexta-feira, 20/8, pela Agência Brasil, dando conta de que o número de focos de incêndios – em várias regiões do país – somados entre 1o de janeiro e 19 de agosto aumentou 100% em relação ao mesmo período de 2009. Segundo a matéria, editada por Juliana Andrade, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou 33.177 focos de incêndios em todo o Brasil, o dobro de 2009.

Em outro informe da mesma agência, o coordenador do Monitoramento de Queimadas do INPE, Alberto Setzer, explicou que “em 2009 essa região do Brasil Central chegou a ter 10 milímetros de chuva em agosto. Este ano, até agora, não caiu uma gota d’água. Em partes de Minas e Goiás e no Tocantins não chove há mais de três meses”.

O pesquisador alertou para o fato de que o problema não está restritamente ligado à questão climática: “Nenhuma dessas queimadas é natural. Sempre começam porque alguém fez o que não devia, agindo contra as leis florestais. Não são incêndios naturais, o clima seco ajuda a expandir, mas alguém começou o fogo”.

Aliás, uma amiga minha, Aparecida, contou-me que seu sobrinho, de 22 anos, sofreu descolamento de retina por causa do clima seco em Minas Gerais.

Brasília e São Paulo

As intensas queimadas no Centro-Oeste e mesmo na Amazônia puderam ser sentidas pelos brasilienses. Na terça-feira, 17/8, a capital federal, famosa pelo límpido céu azul, ficou envolta por uma névoa seca. Consequentemente, os níveis de monóxido de carbono (CO) e particulados (certo tipo de fuligem) chegaram a patamares atingidos por metrópoles como São Paulo.

Está difícil respirar

Por falar na capital bandeirante, a poluição do ar não é mais exclusividade de grandes centros urbanos. Em recente relatório divulgado pela Companhia Ambiental do Estado de SP (Cetesb), dez cidades do interior paulista, com mais de 200 mil habitantes, contêm o ar saturado. Campinas, Ribeirão Preto, São José dos Campos e Taubaté encabeçam a lista. Já Araraquara, Bauru, São Carlos e São José do Rio Preto estão no limite. Municípios da Baixada Santista e cidades próximas da capital também sofrem com o problema. Ao confrontar esses dados com relatórios de anos anteriores, percebe-se uma piora na qualidade do ar, sobretudo em Santos, Santo André e Cubatão, que pensávamos estar em definitivo livre desses males.

A poluição nas grandes cidades é cada vez mais visível.

Independentemente da origem dos poluentes, o ar saturado, nocivo à saúde, prejudica mais os idosos e as crianças. Aumenta, ainda, o risco de a pessoa desenvolver câncer de pulmão.

Entre as medidas de contenção do avanço dos níveis de ozônio (provenientes de substâncias lançadas no ar pela queima incompleta dos combustíveis veiculares), o controle sobre o diesel deve estar, na opinião de especialistas, em primeiro plano.

Cuidados no inverno

Sabemos que o ar frio, quando não ocorre o fenômeno da inversão térmica, auxilia a dissipar os poluentes atmosféricos, melhorando a qualidade do ar. Contudo, no inverno, certas providências devem ser observadas. O meu secretário, jornalista Francisco Periotto, enviou-me pesquisa realizada pela Universidade de Londres, no Reino Unido. Publicado na revista científica British Medical, o estudo apontou para o aumento de pelo menos 200 infartos a mais do que o normal, em idosos, provocado pela redução de apenas 1°C na temperatura ambiente. A vulnerabilidade maior quanto às implicações das baixas temperaturas aparentemente está relacionada às pessoas na faixa etária de 75 a 84 anos e àquelas com histórico de doenças cardiovasculares.

Segundo cardiologistas, no Brasil essa relação entre frio e infarto já pode ser verificada na Região Sul e no Estado de São Paulo.

Cuidemos, pois, para que os integrantes da Melhor Idade e as crianças estejam sempre devidamente alimentados, agasalhados e protegidos do frio.

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.