Obesidade mata mais que Aids

Sem preconceitos: ricos e pobres sofrem com a gordura

Fonte: Antiga revista Manchete, edição de 19 de julho de 2000. | Atualizado em novembro de 2019.

Trago nesta edição da revista BOA VONTADE, artigo de minha autoria, publicado no livro Crônicas e Entrevistas, lançado pela Editora Elevação no ano de 2000, e que considero de interesse geral, pois o bem-estar físico é patrimônio valioso para a humanidade. E o tema em pauta continua assunto preocupante na Organização Mundial da Saúde (OMS).

Reprodução BV

Bill Clinton

Há algum tempo o presidente Bill Clinton declarou o número progressivo de obesos como calamidade pública nos Estados Unidos. As TVs mostraram jovens com dificuldade de se locomover, tamanho o peso. Aqui pelo Brasil estamos assistindo a fatos semelhantes.

Reprodução BV

Walmir Coutinho

O dr. Walmir Coutinho, da Associação Brasileira para Estudos da Obesidade, que, à época, realizava um trabalho com o Ministério da Saúde, concedeu entrevista a João Paulo Lopes, no programa Viver é Melhor, da Boa Vontade TV*1.

Entre as suas declarações, destaco estas que expõem a gravidade da doença que anda ceifando preciosas vidas: “É muito preocupante. (...) A gente já tem, com excesso de peso no país, 36% dos brasileiros. (...) E o que impressiona mais é que, justamente nas camadas de menor poder aquisitivo, se observa o maior índice de crescimento desse problema.

“Existem algumas explicações. E talvez no Brasil haja duas realidades diferentes, pelo menos esta é minha hipótese, a maneira como vejo as coisas: (...) na população de renda mais alta, de maior escolaridade, possivelmente o fator predominante seja o conforto da vida moderna e a inatividade física dele decorrente (...), sem falar da violência nas grandes cidades, que prende as crianças dentro de casa. Elas não podem mais sair à rua para divertir-se, têm de permanecer em frente da TV, do computador, da internet, o tempo todo.

“Agora, nas camadas de renda mais baixa, creio ser decisiva a educação, que, de forma lamentável, é muito deficitária ali, principalmente a específica para este assunto: a alimentação saudável e a importância do exercício corporal.

“Sem essa instrução, a pessoa acaba comendo errado. Há dados alarmantes. Por exemplo: o consumo de linguiça no Brasil aumentou em 1.000% nos últimos anos. Então, acho que, para as comunidades pobres, a alimentação é ruim, com muita gordura animal. (...)”

Desequilíbrio dietético

PhotoDisc

O desequilíbrio dietético apresenta uma série de ameaças graves que, infelizmente, levam muitos à morte.

São riscos associados à gordura escondida no abdômen, chamada de abdominal visceral. (...) Ela desencadeia uma resistência à ação da insulina, hormônio que controla o açúcar no sangue. O que vem junto com isso? Pressão alta, o diabetes (até nas crianças)... Se ele não vem, chega a tolerância glicídica, o colesterol alto, e tudo isso leva o indivíduo a uma tendência muito grande de entupir vasos sanguíneos, determinando vários tipos de complicações, ligadas à obstrução vascular. (...)

Quando se somam essas coisas e se vai fazer uma estimativa, acredita-se hoje que, no Brasil, 80.000 mortes anuais sejam causadas pelas consequências da obesidade.

É realmente assustador. Para se ter uma ideia de quanto significa esse fato: nem a aids chegou a matar a metade disso. A obesidade é, pois, uma epidemia que destrói mais do que o HIV.

Mau exemplo para as crianças

Quanto aos pequeninos, o especialista adverte: “Se os adultos não souberem comer direito, dificilmente eles desenvolverão hábito de uma boa nutrição. Por isso, na fase da infância, o fator mais importante nesse tratamento acaba sendo os pais”.

E diz ainda o doutor: “O ambiente escolar tem de ser mudado. Não adianta uma criança ir ao médico e ouvir: — “Você precisa comer coisas mais saudáveis...” se, na cantina*2 do colégio, ela só encontrar hambúrguer, cachorro-quente, batata frita, balas e chocolate. (...) Não adianta dizer-lhe que deve comer frutas, se não vai achá-las por lá. (...) A criança precisa de atividade física também”.

Aqui, um dado alentador: “O Brasil possui quantidade e qualidade de profissionais atuando na área da obesidade, que talvez não conheça paralelo no mundo. (...) São endocrinologistas, nutricionistas, psicólogos, professores de educação física, que se reúnem em congressos científicos, cada vez mais pesquisam, publicam novos trabalhos sobre o tema e tratam do paciente com um nível de seriedade sempre maior. Então, creio que, por este lado, o panorama é animador”.

Quando a LBV ligar, atenda com o coração e diga Sim! Informações: (11) 3225- 4500.

A importância da atividade física

Daniel Trevisan

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O dr. Walmir volta a destacar o valor do exercício, mesmo que seja “andar de 15 ou 20 minutos por dia, pois isso já é melhor do que não praticar nada”.

“Quando nem isso for possível, aconselho uma atividade física informal, aquela que a pessoa não se prepara para fazer, não precisa calçar tênis, vestir roupa de ginástica... Pode levar o cachorro para passear, descer do ônibus uma ou duas quadras antes do trabalho, de modo que realize uma caminhada. Como o sedentarismo é igualmente uma epidemia, se a pessoa conseguir cumprir 30 minutos de atividade física três vezes por semana, segundo a Organização Mundial da Saúde, já deixa de ser um sedentário, com repercussões importantes para o corpo. Não precisa nem ser 30 minutos seguidos. Bastam 15 de cada vez ao dia”.

Bem, a entrevista prossegue. Há outros aspectos elucidativos, como quanto a dietas, que reproduzirei em outra oportunidade. Ricos e pobres sofrem com o problema da gordura. É um armagedom, mas sempre há salvação, ou seja, uma alternativa ao alcance de todos, porém com o aval da medicina. Vale a pena conscientizar-se disso. O nosso metabolismo agradece.

Quarenta e nove anos

Aproveito o ensejo para registrar minha gratidão pelas manifestações de apreço que venho recebendo na passagem de meu 49o aniversário de serviços prestados à causa empolgante e altruística da Legião da Boa Vontade, completado em 29 de junho do corrente ano (2000). Retribuo na mesma intensidade essas demonstrações de Amor Fraterno.

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*1 Boa Vontade TV — A TV da Paz, do Amor e da Fraternidade Real! — Rede nacional de televisão criada por Paiva Netto em 1o de janeiro de 2000.

*2 Cantina — É antiga a ordem de Paiva Netto para que nas cantinas das escolas da LBV, em todos os locais, sejam servidos alimentos que contribuam para o bem-estar das crianças e dos jovens.
O Instituto de Educação da LBV está localizado na Av. Rudge, 700, Bom Retiro, São Paulo/SP, tel.: (11) 3225-4500, site www.iejpn.com.br.

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.