Presença Luminosa

Fonte: Jornal A Tribuna Regional, de Santo Ângelo/RS, edição de 9 e 10 de fevereiro de 2008, sábado e domingo.

Existe um Libertador cuja influência transcende limites ou datas humanas. Sua atuação é constante. Enquanto houver fome, desemprego, falta de teto, menores sem escola e carinho, idosos sem amparo e afeto, gente sem quem a conforte, há uma inadiável emancipação de todas as etnias ainda por fazer.

Consigna a História personagens notáveis, que dignificaram a existência terrestre (...). Entretanto, ao inexorável passar do tempo, da lembrança dos povos vai esmaecendo a fama das realizações de muitos deles, somente restando os seus nomes e uma pálida recordação dos seus feitos.

Um dos vultos históricos de todos os tempos e de todas as nações gloriosamente resiste. Cada vez mais fulgura a presença luminosa. Sua marca indelével firma-se na memória dos homens: “Passará o Céu, passará a Terra, mas as minhas palavras não passarão” (Lucas, 21:33).

Tela: Pascal Dagnan-Bouveret (1852-1929)

Detalhe da obra: A Santa Ceia.

Sua vida — infância, juventude, pregação da Boa Nova, padecimentos, morte, ressurreição — não encontra paralelo na Terra: “Vós sois de baixo, Eu sou de cima; vós sois deste mundo, Eu não sou” (João, 8:23).

Depois Dele, a vivência do Ser Humano nunca mais foi a mesma: “Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. Aquele que vive e em mim acredita não padecerá eternamente” (João, 11:25 e 26).

Sacudiu as almas e convocou para Belém a diligência dos poderosos. A Seu respeito profetizou Simeão: “Eis que este Menino está destinado para a ruína e erguimento de muitos, e para alvo de contradições” (Lucas, 2:34).

Tela: Aert de Gelder (1645-1727)

Título da obra: Cântico de Simeão.

Desde a infância, manifestou o Seu elevado saber: aos 12 anos já pregava aos doutores da lei, revelando o Seu Divino conhecimento. Falava-lhes com avançada sabedoria. Deixava-os atônitos e em demorada reflexão, tamanha a sublimidade das lições que as Suas réplicas encerravam: “Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê Naquele que me enviou, já passou da morte para a Vida Eterna” (João, 5:24).

Tela: Heinrich-Hofmann (1824-1911)

Título da obra: Jesus no templo.

Esse extraordinário Ser que nasceu sob a expectativa dos milênios, para O qual os Anjos da Milícia Celeste entoaram o “Glória a Deus nas Alturas e Paz na Terra aos Homens da Boa Vontade de Deus” (Lucas, 2:14);

— que sacudiu os alicerces da sociedade: “Não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada” (Mateus, 24:2);

— que admoestou os desatentos: “Assim como o relâmpago sai do Oriente e se mostra no Ocidente, será a Volta do Filho de Deus” (Mateus, 24:27);

— que advertiu os ociosos: “O Cristo voltará na resplandecência divina, com os Seus Anjos, e então retribuirá a cada um segundo as suas obras” (Mateus, 16:27);

— que fez estremecer os soberbos e desfrutáveis: “Ai de vós, porque, se hoje rides, amanhã lamentareis e chorareis” (Lucas, 6:25);

— que enfrentou os pretensiosos e arrogantes do mundo: “Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entrarão primeiro que vós no Reino de Deus” (Mateus, 21:31);

— mas que convocou à responsabilidade os gozadores infrenes: “Assim como foi na época de Noé, será a Vinda do Filho de Deus. (...) Nos dias anteriores ao dilúvio, comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até que ele entrou na arca, e não o perceberam, a não ser quando veio a inundação, e os levou a todos. Da mesma forma, ocorrerá a Volta do Filho de Deus. Ficai, por conseqüência, atentos! Vigiai e orai, porque não sabeis quando será o dia e a hora” (Mateus, 24:37 a 44 e Marcos, 13:32 e 33);

— que instruiu os sábios e entendidos do mundo: “O meu ensino não me pertence, e sim Àquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade Dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se Eu falo por mim mesmo. Quem fala por si mesmo está procurando a sua própria grandeza; mas o que busca a glória de quem o enviou, esse é verdadeiro e nele não há injustiça” (João, 7:16 a 18);

— que ensinou aos Apóstolos e Discípulos aquilo que constitui o grande anseio dos filósofos, e que não pôde revelar a Pilatos, pois este não o entenderia: “Santifica-os, Pai, na Verdade, a Tua Palavra é a Verdade” (João, 17:17);

— que confortou os desesperados: “Vinde a mim todos vós que estais exaustos e oprimidos, e Eu vos aliviarei” (Mateus, 11:28);

— que mostrou o caminho da verdadeira libertação: “Conhecereis a Verdade (de Deus), e a Verdade (de Deus) vos libertará” (João, 8:32);

— que se eternizou na História, porque fez morada nos corações oprimidos pela ameaçadora paz dos homens, os quais, por isso, anseiam por aquela que provém de Deus; portanto, a que o mundo não tem para lhes oferecer (João, 14:27);

— que disse ainda, em memória do Profeta Oséias (6:6): “Misericórdia quero, não holocausto” (Mateus, 9:13); pois sem misericórdia não há Paz;

— e que doou a Sua vida por nós, indistintamente, pois Ele próprio aconselhou: “Se fizerdes bem apenas àqueles que vos beneficiam, que divina recompensa havereis de merecer?”

Quereis saber o Seu nome? Jesus, o Cristo Ecumênico, ipso facto, sem resquícios de intolerância, porquanto Ele, para a redenção nossa, é Amor elevado à enésima potência, “a Claridade perene, que, vinda ao mundo, ilumina todo Homem” (João, 1:9).

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.