Celebrando a Vida Eterna

Fonte: Jornal de Brasília, edição de 1 de novembro de 2011, terça-feira. | Atualizado em outubro de 2022.

Dois de novembro é dia de celebrar a vida. Respeitamos o gesto dos que vão reverenciar os mortos, em visita a túmulos de parentes e amigos. Porém, acreditamos que a destinação de nosso Espírito, depois de se despedir do corpo físico, é muito superior. Por isso, convidamos todos a lembrar-se dos entes queridos com a natural saudade de sua companhia, mas sem tristeza e enviando-lhes, acima de tudo, vibrações de Amor Fraterno e Paz, porquanto, para alegria nossa, permanecem vivos. Aos que porventura se encontram desesperados pela perda de um familiar ou pessoa amiga, vislumbrando até no suicídio o alívio para suas dores, aproveito o ensejo para esclarecer: o suicida mata-se à procura da paz; todavia, depara com o maior tormento, algo pior que o nada, que, por sua vez, não existe, pois a vida não cessa.

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Os mortos não morrem

Essa afirmação — os mortos não morrem —, que a toda a Humanidade envolve, fiz colocar nos portais da Sala Egípcia do Templo da Boa Vontade (TBV), o monumento mais visitado da capital do Brasil, conforme dados oficiais da Secretaria de Turismo do Distrito Federal (Setur-DF).

Num improviso que proferi, na década de 1980, reiterei: a morte é um boato, consequentemente os mortos não morrem, incluídos os Irmãos ateus materialistas. Diminuir a relevância desse fato, que atinge de forma inexorável os seres humanos, seria negar a realidade. Você não é obrigado a acreditar na sobrevivência dos Espíritos nem que possam dirigir-se às criaturas terrestres, quando por Permissão Divina. Contudo, isso não significa que eles não existam ou estejam sentenciados à mudez.

Diz Jesus, no Seu Evangelho, segundo Marcos, 12:27: “Deus é Deus de vivos, não de mortos. Como não credes nisso, errais muito”.

Arquivo BV

Ralph Chaplin

Guardemos dos que partiram uma lembrança esclarecida, como no conselho do escritor e ativista norte-americano Ralph Chaplin (1887-1961): “Não lamente os mortos... Lamente a multidão, a multidão apática, os covardes e submissos, que veem a grande angústia e as iniquidades do mundo sem se atrever a falar”.

Os mortos, hoje, somos nós amanhã. Condenando-os ao “desaparecimento”, por força de nossa descrença ou medo de enfrentar a Verdade, poderemos “decretar” o mesmo destino para toda a gente, atrasando sua evolução, até que, com maior esforço, se descubra que o grande equívoco da humanidade é ainda crer que a morte seja o término de tudo.

Arquivo BV

Alziro Zarur

Arquivo BV

Paul Gibier

Razão por que lhes trago, do poeta Alziro Zarur (1914-1979), saudoso Proclamador da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo, o ilustrativo e confortador Poema do Imortalista:

“Dois de novembro é um dia, na verdade,

“Rico em lições para quem sabe ver:

“A maior ilusão é a realidade,

“Já ensinava o excelente Paul Gibier.

 

“Os vivos (pseudovivos) levam flores

“E lágrimas aos mortos (pseudomortos);

“E os mortos se comovem ante as dores

“Dos vivos a trilhar caminhos tortos.

 

“Legítimos defuntos, na ignorância

“Desses espirituais, magnos assuntos,

“Parece que inda estão em plena infância,

“E vão homenagear falsos defuntos.

 

“Não é preciso ser muito sagaz

“Para sentir que a vida tem seus portos:

“Um dia, o Cristo disse a um bom rapaz

“‘Que os mortos enterrassem os seus mortos’.

 

“Amigos, por favor, não suponhais

“Que a morte seja o fim de nossa vida;

“A vida continua, não jungida

“Aos círculos das rotas celestiais.

 

“Os mortos não estão aí, cativos

“Nos túmulos que tendes ante vós:

“Os finados, agora, são os vivos;

“Finados, mais ou menos, somos nós”.

A morte não interrompe a vida. Na Terra ou no Céu da Terra, persistimos em trilhar a existência perene. Mas reforçamos nosso esclarecimento acerca do suicídio: essa consciência de Eternidade jamais pode ser vista como justificativa para ele. É uma ofensa ao Criador e à própria criatura.

Aos que descreem: concedam-se o cientificamente consagrado direito à dúvida. E se a vida não cessa com a morte, hein?

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.