A suprema vocação de servir

Fonte: Jornal O Sul, edição de 27 de agosto de 2007, segunda-feira. | Atualizado em maio de 2022.

De minha obra Apocalipse sem Medo — 1999 não anulou as profecias, segundo a imprensa especializada o livro mais vendido da 16a Bienal Internacional do Livro de São Paulo, ocorrida de 28 de abril a 7 de maio de 2000, fui buscar:

Apocalipse sem medo (2000) – 18ª edição

A muita gente pode parecer que o planeta irremediavelmente caminha para um beco sem saída. Corrobora com isso a massificação de notícias nem sempre agradáveis que a todo instante nos bombardeiam. É a realidade, mas se assimilarmos a suprema vocação de servir, termo que nos concede o status de criaturas úteis à comunidade, perceberemos novos e mais acertados horizontes. O aprendizado ganho nos apontará reais benefícios à medida que nos integrarmos no sagrado ato de estender a mão aos que precisam (Jesus — Mateus, 10:8). Esse é o sentimento que move muitos que, sacudindo de si o pessimismo, seguem em frente, acreditando e agindo por uma sociedade melhor. Gerações que nos precederam de certa forma assim atuaram, senão onde estaríamos hoje?

De que nos fala o Apocalipse?

O mundo debate-se contra um impasse, sintetizado no agora inegável aquecimento global. A Folha de S.Paulo informa, citando como fonte Deborah Zabarenko, da Reuters, que um grande conglomerado do ramo petrolífero financiou negação do efeito estufa e destaca: “Relatório da união dos cientistas responsáveis compara estratégia da companhia à usada pelas empresas do setor de tabaco”.

De que nos fala o Apocalipse a respeito do assunto? O que, há quase dois milênios, igualmente anuncia, analisado sem tabus e preconceitos? As nocivas mudanças climáticas no orbe que, sem distinção, nos acolhe? No relato dos sete flagelos, capítulo 16 do texto profético, isso fica bem sinalizado. As consequências do progresso, quando irresponsável, estão aí aos olhos de todos, não mais podendo ser escondidas. Aos governos cabe governar para as populações, antes que se tornem incontroláveis, impelidas, por exemplo, pela falta d’água, da qual se fala ser um dos próximos motivos das guerras.

Um quê de estadista e Espiritualidade Ecumênica

Ainda de Apocalipse sem medo, no capítulo “Muro de Berlim e Mundo Espiritual III", extraí este trecho:

Divulgação

Pietro Ubaldi

A fim de haver autoridade suficiente capaz de prover educação, sustento e trabalho às massas e indicar-lhes renovadores rumos, o religioso vigilante terá de possuir um quê de estadista, bem como o estadista de escol não poderá prescindir de Espiritualidade Ecumênica, isto é, aquela verdadeiramente livre de todo sectarismo fanático. Sacerdócio — seja ele religioso, ideológico, político, filosófico, artístico, científico e assim por diante — é expandir a Fraternidade e a Solidariedade. Exaltar a dignidade humana. Para esse sentimento franco, prevalece uma grande nobreza: servir, que, no dizer do filósofo e sociólogo italiano Pietro Ubaldi (1886-1972), em A Grande Síntese, é a qualidade superior do poder: "O comando supremo é simplesmente a suprema obediência".

Sic transit...

Reprodução BV

Gerard Groote

Reprodução BV

Tomás de Kempis

Tudo o mais é passageiro, como pensavam, no século 14, Gerard Groote (1340-1384) e Tomás de Kempis (1379-1471); este, um humilde sacerdote a quem, durante muito tempo, foi atribuída a autoria exclusiva de uma das mais importantes obras da história religiosa e social do mundo: Imitação de Cristo. Em suas páginas, encontra-se esta admoestação, que atravessou as épocas:

"O quam cito transit gloria mundi!": Oh! quão rapidamente passa a glória deste mundo!

Reprodução BV

Ernest Renan

O velho Ernest Renan (1823-1892) estava certo: O que faz uma pátria é a Solidariedade.

E, por extensão, a Terra, a qual devemos livrar da ruína de um progredir desmiolado, gerido pelas patranhas daqueles cuja maior habilidade é mentir para as multidões, mesmo que as enfermando ou matando. Contudo, sempre há uma solução quando os seres humanos nela se empenham.

* * *

Caridade: a Ideologia das ideologias

Em minha mais recente obra literária É Urgente Reeducar!*, antecipei, em forma de extratos, algumas lucubrações constantes de Jesus e a Cidadania do Espírito. O item 41, que acresci às novas edições do lançamento da 21a Bienal Internacional do Livro de São Paulo, vem bem ao encontro do que abordo neste estudo:

Conclusivo ideal do Cidadão do Espírito

É Urgente Reeducar! (2010) – Autor nacional mais vendido da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, Brasil, em 2010. Adquira!

Amor, Harmonia, Solidariedade, espírito de Justiça aliado à Bondade, jamais à vingança; Liberdade com respeito aos demais entes humanos; Verdade sem fanatismo social, político, filosófico, religioso ou científico; auxílio aos que sofrem, no corpo ou na Alma; Política e Economia, acompanhadas pelas virtudes da Correção e da Generosidade; Instrução, Educação, Reeducação, consoante a Fraternidade Ecumênica; portanto, tudo aquilo que na Paz ou na guerra torna forte a criatura, na Terra e no Mundo Invisível — que não é uma abstração —, forma o conclusivo conceito de ideologia para o Cidadão do Espírito: Caridade, ou seja, o ar moral que, como seres realmente civilizados, devemos respirar. 

Faz-se mister recordar o que fraternalmente nos ordenou Jesus: “Ide e pregai, dizendo: É chegado o Reino dos Céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios, dai de graça o que de graça recebeis. Vesti os nus, alimentai os famintos, amparai as viúvas e os órfãos. Eu sou o Caminho, e a Verdade, e a Vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim. Conhecereis a Verdade [de Deus], e a Verdade [de Deus] vos libertará” (Evangelho, segundo Mateus, 10:7 e 8; Epístola de Tiago, 1:27; e Boa Nova, conforme João, 14:6 e 8:32).

_______________________________________
* É Urgente Reeducar! — Conforme noticiou a Livraria Saraiva, ele foi o autor nacional mais vendido de seu estande na 21a Bienal Internacional do Livro de São Paulo, realizada em agosto de 2010. Leia mais acerca de sua biografia em www.paivanetto.com/biografia.

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.