Persistir na divina missão além do fim

Fonte: Reflexão de Boa Vontade extraída do livro "A Missão dos Setenta e o 'lobo invisível'", de junho de 2018. | Atualizada em agosto de 2020.

“Vós sois a luz do mundo” (Evangelho, consoante Mateus, 5:14), disse o Cristo àqueles que se integraram no que Ele veio trazer, “da parte do Pai”, à Terra.

Tela: James Tissot (1836-1902)

Detalhe da obra: Jesus senta-se à beira-mar e prega.

Tela: Guido Reni (1575-1642)

Lucas

“Mas Jesus não foi crucificado?”, alguém pode argumentar. Não obstante, respondemos nós, o Senhor Excelso deixou o Seu recado, a Sua mensagem, e, acima de tudo, venceu a morte. Assim, cumpriu a própria determinação expressa em “A Missão dos Setenta Discípulos de Jesus”, constante de Sua Boa Nova, segundo Lucas, 10:10 e 11: “Quando, porém, entrardes numa cidade e não vos receberem, saí pelas ruas e clamai: Até o pó da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós outros. Não obstante, sabei que está próximo o Reino de Deus”.

Entenderam? Mesmo não tendo sido aceita a Sua palavra pela “cidade”, de forma alguma o Divino Educador ficou sem proclamar o que viera fazer por Vontade do Pai Celestial. Ele persistiu até o fim (e além do fim): “Aquele que perseverar até o fim será salvo” (Evangelho de Jesus, consoante Mateus, 24:13).

O Bom Pastor, pois, demonstrou o exemplo a ser seguido pelos Seus discípulos, custe o que custar. Não cessou de difundir que o Reino de Deus está dentro de nós: “Interrogado sobre quando viria o Reino de Deus, Jesus revelou: Não vem o Reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o Reino de Deus está dentro de vós” (Evangelho de Jesus, segundo Lucas, 17:20 e 21).

Tela: Rembrandt (1606-1669)

O Apóstolo Paulo

E quando usamos a expressão além do fim, é porque bradamos incessantemente: Os mortos não morrem! Escreveu Paulo Apóstolo, na Primeira Epístola aos Coríntios, 15:26: “O último inimigo a ser vencido é a morte”.

Arquivo BV

Alziro Zarur

E Jesus a venceu, para que nós, em seguida, pudéssemos fazer o mesmo. Alziro Zarur (1914-1979) dizia: “Não há morte em nenhum ponto do Universo”.

São Francisco de Assis

Mil e duzentos anos depois do Apóstolo dos Gentios, São Francisco de Assis (aprox. 1181-1226) desvendou o mistério em sua prece notável: “Porque é morrendo que nascemos para a Vida Eterna”.

As andorinhas sempre voltam

Reprodução BV

Adoniran Barbosa

Entretanto, que ninguém se suicide, pensando que, com esse ato funesto, se livrará da dor que o aflige, ou a aflige, pois acordará no Outro Mundo mais vivo, ou mais viva, do que nunca e com todos os seus problemas amplificados. Fugir do sofrimento é cair repetidas vezes nas mãos dele; portanto, sob o cruel flagelo do “lobo invisível”*, o espírito obsessor, que tem de ser vencido, mas não maltratado, e, assim, redimido pelas ovelhas do Cristo. É bom que nos recordemos constantemente do dito popular imortalizado pelo querido poeta, intérprete e compositor paulista, de Valinhos, Adoniran Barbosa (1910-1982), em sua Saudosa Maloca, gravada por ele, em 1951, e, em outro vinil, pela cantora paulistana Marlene (1922-2014): “Deus dá o frio conforme o cobertor”.

Reprodução BV

Marlene

E dá mesmo. É só a gente ser perspicaz e saber, com inteligência, usar o cobertor no “inverno”, até que o “verão” volte. Costumo lembrar-lhes um acertado aforismo de Éliphas Lévi (1810-1875), que conforta os lutadores pelo Bem, os quais firmemente prosseguem, a despeito das piores condições a serem superadas, porque o Sol há de brilhar: “Felizes daqueles que não desanimam nunca e que, nos invernos da vida, esperam as andorinhas em sua volta”.

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Nota dos editores

* Cruel flagelo do “lobo invisível” — Sugerimos às estimadas Irmãs e aos prezados Irmãos ouvir a radionovela Memórias de um Suicida. É uma oportunidade formidável para a compreensão e o estudo acerca da ação perniciosa do “lobo invisível”, a alma perversa. Adaptação do livro homônimo, psicografado pela respeitada médium brasileira Yvonne do Amaral Pereira (1900-1984), cujos direitos autorais pertencem à FEB, teve seu lançamento pela gravadora Som Puro. A esclarecedora radionovela é uma iniciativa de Paiva Netto, a exemplo de Há Dois Mil Anos50 Anos DepoisNosso Lar e Sexo e Destino. Na história, Camilo Cândido Botelho (pseudônimo), ao ficar cego, no término do século 19, após vivenciar vários conflitos conjugais e familiares e a decadência financeira, suicida-se, aos 65 anos, acreditando que “a morte seria o fim” de seu sofrimento. Mas, como na Profecia de Jesus no Apocalipse, 9:6, a morte não o aceita, e Camilo (Espírito), mais vivo do que antes, vê seus dramas multiplicados. Depois de mais de cinquenta anos de padecimentos e remorsos jamais experimentados por ele na Terra, enfim encontra o caminho da redenção e da renovação espiritual. Baixe o aplicativo Boa Vontade Play em seu dispositivo móvel e ouça a radionovela: www.boavontade.com/play.

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.