Proclamação da Boa Vontade de Deus

Fonte: Reflexão de Boa Vontade extraída do livro “Sagradas Diretrizes Espirituais da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo”, volume 1, de 2017. | Atualizada em fevereiro de 2020.

Pouco mais de um ano antes de Alziro Zarur (1914-1979) retornar ao Plano Espiritual, Paiva Netto prometeu ao fundador da Legião da Boa Vontade reunir o conteúdo doutrinário ecumênico da LBV e da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo e publicá-lo. É o caso da Proclamação da Boa Vontade (4 de março de 1949), um dos registros fundamentais que marcam o início da trajetória vitoriosa das Instituições da Boa Vontade de Deus, com a fundação da Legião da Boa Vontade (LBV), em 1o de janeiro de 1950 (Dia da Paz e da Confraternização Universal). Ela se encontra publicada nas Sagradas Diretrizes Espirituais da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo, volume 1 (1987). Boa leitura!
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Esta cronologicamente é a primeira Proclamação dos valores eternos que dirigem o Espírito do ser humano, feita por Alziro Zarur: Proclamação da Boa Vontade de Deus.

Foi levada ao ar durante o programa radiofônico Hora da Boa Vontade, que teve início a 4 de março de 1949, na Rádio Globo do Rio de Janeiro. Anunciava os primórdios da venerável Entidade (LBV), que viria a ser fundada em 1o de janeiro (Dia da Paz e da Confraternização Universal) de 1950.

Arquivo BV

Em outubro de 1968, no gabinete da Presidência da LBV, no Rio de Janeiro/RJ, Zarur e Paiva Netto ouvem, concentrados, uma gravação. 

Reprodução BV

Chico Xavier

O tempo mostrou a sua extraordinária importância, a ponto de eu tê-la incluído no rol das Proclamações feitas pelo sábio Zarur, a quem Francisco Cândido Xavier (1910-2002) chamou de o Grande Irmão da humanidade.

Sem Boa Vontade, nada podemos resolver em definitivo. Se assim não fosse, os Anjos das Hostes Celestiais não teriam anunciado aos pastores, no campo, o nascimento de Jesus, sob a invocação da Boa Vontade de Deus*1. É fator primordial para que haja Paz na Terra, o mais intenso anseio da humanidade.

Tela: Bartolomé Esteban Murillo (1617-1682)

Título da obra: A adoração dos pastores.

Eis a Proclamação, para que todos compreendam o amplo sentido da Boa Vontade na conquista definitiva da Paz. Fala Zarur:

A Boa Vontade de Deus

“Glória a Deus nas Alturas, Paz na Terra aos homens [e às mulheres] da Boa Vontade de Deus!” Esta é a Mensagem do Amor Universal, pela Paz Mundial, a todas as criaturas que a desejem ouvir. Ninguém terá paz neste mundo se não tiver Boa Vontade para com as Leis de Deus, porque ninguém transgride impunemente essas Leis. Boa Vontade para com os necessitados de Caridade Material e Espiritual*2. Jamais, como agora, se fez tão necessária a Boa Vontade no mundo! Especialmente entre nós, é preciso que haja Boa Vontade: entre religiões e seus fiéis, entre partidos políticos e seus prosélitos, entre patrões e empregados, entre ricos e pobres, entre brancos e negros. Boa Vontade em todos os momentos da vida, porque é com Boa Vontade que se resolvem os problemas, humanos e sociais, de todos os povos da Terra.

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Mensagem da Vontade Boa

Só compreende a vida e o mundo, com todas as suas injustiças e contradições aparentes, quem conhece o Evangelho e o Apocalipse de Jesus, interpretados em Espírito e Verdade, à luz do Seu Novo Mandamento revelado. A grande maioria da humanidade não sabe por que nasceu, por que vive, por que sofre e por que, um dia, morrerá. Aos que vivem assim, mortos espirituais, só há um caminho: Boa Vontade para com o Evangelho e o Apocalipse de Jesus. Só os ignorantes das Leis de Deus conseguem ser maus. E a maior desgraça humana é a ignorância da Lei Divina.

Paz aos de Boa Vontade

Todas as religiões são boas, quando pregam e praticam a Solidariedade Humana. As religiões orientam, consolam e amparam, mas não salvam ninguém: cada um se salva pelas Boas Obras. Aos homens é possível enganar, mas a Deus ninguém engana. Portanto, as religiões são caminhos diferentes, que conduzem ao mesmo ponto final: Deus. Mas é preciso que os que creem tenham Boa Vontade e não se odeiem em nome de Deus, porque Deus é Amor, e nada existe fora desse Amor.

Boa Vontade e Felicidade Real

As conquistas dos bens materiais não trazem felicidade a quem quer que seja. Os ricos vivem atormentados por provações que não entendem, e lentamente se suicidam nos prazeres ilusórios. Os poderosos temem a própria sombra, desconfiados de eternas traições. Os ambiciosos das ciências, das letras e das artes nunca estão satisfeitos, e só enxergam rivais naqueles que os rodeiam. Nem a riqueza, nem o poder, nem a fama podem fazer alguém feliz: só quem cumpre com Boa Vontade as Leis Divinas conhece a felicidade real, embora relativa, deste planeta de dores. Na realidade, nada é nosso. E na hora da morte é que se vê que ninguém é dono de coisa alguma na Terra.

A Boa Vontade destrói a maledicência

Um dos grandes flagelos sociais é a maledicência. Os maledicentes tratam mais da vida alheia do que da sua própria vida. No afã de destruir a felicidade dos semelhantes, deixam de construir a própria felicidade. Com efeito, os maus se destroem pelas próprias obras, porque ninguém foge à Lei de Causa e Efeito, ao implacável choque de retorno. Eis um dos princípios do homem de Boa Vontade: — Não me fale mal de ninguém!

Boa Vontade e má vontade

O mundo está dividido em duas grandes classes: criaturas de Boa Vontade e criaturas de má vontade. As de Boa Vontade conhecerão a Verdade, e a Verdade as libertará, como ensinou Jesus. As de má vontade só evoluirão a golpes de sofrimento, físico e espiritual, colhendo os frutos da sua ignorância inexorável. A maior desgraça humana é a ignorância das Leis Divinas.

O suicídio não resolve as angústias de ninguém

Frequentemente, os que passam por grandes sofrimentos, de causa moral ou material, alimentam a ideia do suicídio, como se a morte fosse o fim da vida e o repouso eterno. A verdade, entretanto, é justamente o contrário: a morte é o princípio da verdadeira Vida. Os que se matam sofrerão as consequências do seu gesto infeliz: o suicídio não resolve as angústias de ninguém. Pois, na realidade, ninguém sofre sem uma causa justa, como ninguém paga sem dever. As dores do presente são consequências das faltas do passado, desta ou de outras vidas. A Justiça Divina é perfeita, soberanamente imparcial na Sua Boa Vontade: para Deus não há pistolões.

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Caridade Material e Caridade Espiritual

A Caridade Material é sempre louvável, e só depende da Boa Vontade dos que podem ajudar. Mas a Caridade Espiritual é mais importante. Disse o Apóstolo Paulo: “Eu poderia dar uma fortuna aos pobres e não fazer Caridade”. A Caridade Material só é completa quando acompanhada de Caridade Espiritual: é preciso esclarecer os que sofrem, para que saibam por que sofrem. O contrário é estimular a mendicância e a ociosidade dos ignorantes espirituais.

Boa Vontade e Lei Divina

Quem estuda, com Boa Vontade, as Leis Divinas, que são as leis naturais, sabe por que deve amar ao próximo como a si mesmo: cada ser humano é uma parcela do grande organismo chamado humanidade. Por causa de um órgão doente, todo o organismo sofre. Logo, ninguém será inteiramente feliz enquanto houver um infeliz na face da Terra. Quem faz mal ao seu próximo a si mesmo faz mal. Quem odeia o seu próximo a si mesmo é que odeia. Quem engana o seu próximo a si mesmo é que engana. Quem trai o seu próximo a si mesmo é que trai. Quem rouba o seu próximo a si mesmo é que rouba. Quem mata o seu próximo a si mesmo é que mata. Fora do Bem não há salvação para ninguém!

A Boa Vontade é o princípio da verdadeira Paz

Os fatalistas, com o seu derrotismo permanente, estão completamente enganados. Existe, na verdade, o destino, ou determinismo, como consequência do passado de cada criatura: mas há, sempre, o livre-arbítrio, que Deus garante a cada um de Seus filhos. Portanto, qualquer infeliz pode mudar o seu destino com Boa Vontade, que é o princípio da verdadeira Paz. Cada um é senhor do seu destino.

Boa Vontade de Jesus

Nossa Boa Vontade não é, absolutamente, a boa-vontade que se vulgarizou nos banquetes das futilidades humanas. A nossa é a Vontade Boa de Nosso Senhor Jesus Cristo, aquela que sabe discernir entre o Bem e o mal, entre a Verdade e o erro, entre o Fato e as aparências do fato.

O Bem nunca será vencido pelo mal

Atingir o equilíbrio é a meta suprema. O Bem nunca será vencido pelo mal.

“Glória a Deus nas Alturas, Paz na Terra aos homens [e às mulheres] da Boa Vontade de Deus!”

Poema da Boa Vontade

Num complemento à extraordinária Proclamação, Zarur compôs estes magníficos versos:

Irmãos,
os tempos são chegados

da fusão de todos os rebanhos
para o único Pastor de nossas Almas.
Por piedade,
não digais que sois
absolutos senhores da Verdade!
Em verdade vos digo
que senhores não sois nem de vós mesmos.
Por que tanta hipocrisia,
irmãos?
Por piedade,
não nos odiemos mais
em nome daquele Deus
que é o puro Amor e o Pai de todos nós!
Pois não sabeis,
irmãos?
Aos homens é possível enganar,
mas a Deus ninguém engana.
Vinde, porque também
de todas as religiões
vêm a nós os peregrinos
que caminham com Jesus.
São aqueles
144.000*3
da Quarta Revelação
— A Religião de Deus.
Todos vós sereis bem-vindos
nesta nossa caravana
de concórdia e de bondade:
Caravana da Boa Vontade.

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Nota dos editores:

Você poderá dar continuidade a esta enriquecedora leitura, no capítulo “Quanto à Boa Vontade”, adquirindo a obra literária Sagradas Diretrizes Espirituais da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo, volume 1.

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*1 Boa Vontade de Deus — Conforme tradução do padre português Matos Soares, 19a edição, de 1964 (Editora Paulinas), da passagem do Evangelho de Jesus, segundo Lucas, 2:14, “Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens, (objeto) da Boa Vontade (de Deus)!”

*2 Caridade Material e Espiritual — É a Caridade Completa, pregada e praticada pela Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo, com o seu Natal Permanente. O assunto está sendo tratado em capítulo à parte no primeiro volume das Sagradas Diretrizes Espirituais da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo, p. 385.

*3 144.000 — Número simbólico, que representa multidões bem mais numerosas, de “Missionários de ponta”, Espíritos luminosos de várias origens e crenças. Veja outros esclarecimentos sobre o assunto nos capítulos 1 e 2 do livro Jesus, a Dor e a origem de Sua Autoridade — O Poder do Cristo em nós (2014), de Paiva Netto.

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.