Por uma cultura de Fraternidade e de Paz

Fonte: Jornal A Tribuna Regional, de Santo Ângelo/RS, edição de 17 e 18 de dezembro de 2011, sábado e domingo.

Próximo vem o Natal de Jesus. E um novo ano se aproxima. Que se renove, pois, a esperança de vivenciarmos — e que não seja num futuro tão distante — atmosfera de maior respeito à vida, com o estabelecimento de uma verdadeira cultura de paz. Porém, “o Brasil é uma sociedade com índices de vitimização por armas de fogo que superam os países em guerra”. Este é um mapeamento feito pelo Small Arms Survey 2007 (Programa sobre Armas Leves), em Genebra/Suíça. Quando sairemos dessa lamentável estatística? É certo que sociedade e governo não estão parados. A violência não pode continuar sendo esse fantasma que nos assombra por toda parte.

Reprodução BVTV

Ligia Rechenberg

De acordo com Ligia Rechenberg, coordenadora de gestão do conhecimento do Instituto Sou da Paz, “há uns 20 anos, os brasileiros vivem uma sensação de insegurança muito grande. Todo mundo se sente vulnerável”. Ligia ressaltou à Boa Vontade TV que “nosso país não está em guerra, não tem nenhum conflito deflagrado; contudo, alguns estudos apontam para quase 14 milhões de armas circulando no país. É um número bastante elevado”. E atentemos para o que ela revela: “Somado a tudo isso, há um aspecto que as pesquisas começam a mostrar agora e que é muito pouco comentado. Temos aí traços da nossa cultura, em que meninos aprendem desde cedo a não levar desaforo para casa e a sempre provar sua masculinidade pela violência, seja no jogo de futebol, na escola, entre os amigos. Isso vai crescendo e sendo levado para outros ambientes da sociedade. Um dado da Polícia Civil do Estado de São Paulo, mas que serve para muitas regiões do Brasil, diz que 60% dos homicídios são cometidos por pessoas que se conhecem, sem antecedentes criminais”.

Realmente há muito que fazer. Perseveremos e ampliemos a interação entre família, sistema educacional e comunidades no desarmamento igualmente dos corações. União significa força. Esse conceito não mudou. E que Deus nos ampare!

O TBV E O MISTICISMO DE BRASÍLIA

A exemplo da Região das Missões, muito procurada pelo turismo religioso, Brasília é localidade de grande misticismo no Brasil.

Essa característica da capital de nosso país ganhou destaque no portal G1 (www.g1.com.br) em 13/12. Registra a matéria que, “o Distrito Federal possui cerca de 800 templos das mais variadas religiões e doutrinas em uma área de 5,4 mil quilômetros quadrados”. Esse expressivo número é mais uma demonstração de que é possível a convivência pacífica das crenças humanas.

É justamente em Brasília que abri ao povo, em 21 de outubro de 1989, o Templo da Boa Vontade (TBV), “o Templo da Paz”, conforme o chama o ilustre jornalista Gilberto Amaral*.

Ainda na reportagem, o Templo da Boa Vontade é apontado pela subsecretária de Estruturação e Diversificação da Oferta Turística, Meyre France, como o local religioso mais visitado do Distrito Federal. E prossegue o texto do G1: “O espaço, que funciona 24 horas por dia, foi fundado em 1989 e recebe mais de um milhão de visitas por ano. No topo da pirâmide do templo, localizado na ponta da Asa Sul, próximo ao Setor Hospitalar, há uma pedra que é considerada o maior cristal puro do mundo. Ele simboliza o ecumenismo total, a presença unificadora de Deus, e teria poder de purificar o ambiente”.

O TBV, que construímos com a ajuda da população brasileira, existe para acolher e confortar a criatura humana, que, independentemente de cor, etnia, ideologia, crença ou descrença, sempre encontrará ali um ambiente de Paz e Fraternidade. Vivenciar a espiritualidade representa também a decisiva iniciativa, que deve ser a de todos nós, a de fazer o Bem.

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* Gilberto Amaral (1934-2022)

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.