Spinoza, Lao-tsé e natureza divina da matéria

Fonte: Jornal A Tribuna Regional, de Santo Ângelo/RS, edição de 6 e 7 de setembro de 2008, sábado e domingo | Atualizado em abril de 2022.
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Baruch Spinoza

Na minha página “Ciência e Fé na trilha do equilíbrio”, explanei sobre Baruch Spinoza (1632-1677), autor de amplos sistemas metafísicos que influenciaram e influenciam grandes pensadores. “Ignoro por que a matéria deva ser indigna da natureza divina, já que fora de Deus não pode existir nenhuma substância dotada de natureza divina... Por isso, de forma alguma se pode asseverar que... a substância extensa... é indigna da natureza divina, desde que eterna e infinita”, destacou o famoso filósofo.

Em 29 de abril de 1993, em minha coluna no Correio Braziliense, escrevi que, durante muito tempo, a matéria foi considerada obstáculo ao Espírito. Contudo, agora deixará de ser, à medida que percebermos e respeitarmos sua função superior. (...)

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Albert Einstein

O malefício não se encontra na matéria, ou no que dela restou depois da reforma da Ciência Física instituída por Einstein (1879-1955), mas no uso que dela fizermos.

Planeta de aparências

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Heisenberg

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Juliano Bento  

O grande mal, que ainda dificulta aos cérebros excessivamente céticos vislumbrar horizontes na esfera do Espírito, é querer apenas aceitar os fatos do ponto de vista físico absoluto. Esquecem-se de que o “Tudo”, na verdade, está submetido à ação de Sublimes Poderes, que nos colocam em postura distinta da que têm como probabilidade legítima, visto que esta perspectiva, no entanto, não passa de enorme delírio. O que se compreende como inexistente é o real. Não assusta mais a descoberta, na Mecânica Quântica, de que o “vazio” é realidade. A Ciência de ponta já definira o átomo como, sobretudo, vazio. Mas o que é em suma o vazio? A respeito do assunto, comenta o físico Juliano Carvalho Bento, que me honra com a sua leitura e audição: “A Ciência hoje prova que podemos observar no ‘nada’ físico, ou seja, no vácuo absoluto (que por si só já não é possível detectar na Natureza por somente existir em condições ideais) a existência de um resíduo de energia que, pela física clássica, não pode ocorrer. Isso só foi possível verificar com o advento da Mecânica Quântica, pois, se esse vácuo total existisse, estaria contrariando o Princípio da Incerteza de Heisenberg, que evidencia que deve existir uma energia mínima, por conta desse postulado físico, base da Teoria Quântica. Uma comprovação para isso se deu com o chamado efeito Casimir, no qual se detectou que duas placas metálicas paralelas neutras no vácuo se atraem pelo fato de surgir uma força proveniente desta energia do vácuo. O suposto ‘nada’ esconde muita coisa. Como assegura Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, em Seu Evangelho, segundo Mateus, 10:26: ‘(...) nada há encoberto, que não venha a ser revelado; nem oculto, que não venha a ser conhecido’”.

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Forças de Casimir em placas paralelas.


Atuação do visível no invisível

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Lao-tsé

No Tao Te Ching, também chamado de O Livro do Caminho e da sua Virtude, o filósofo chinês Lao-tsé (570-490 a.C.) ensinou: “Trinta raios convergentes no centro,/ Tem uma roda,/ Mas somente os vácuos entre os raios/ É que facultam seu movimento./ O oleiro faz um vaso, manipulando a argila,/ Mas é o oco do vaso que lhe dá utilidade./ Paredes são massas com portas e janelas,/ Mas somente o vácuo entre as massas/ Lhes dá utilidade –/ Assim são as coisas físicas,/ Que parecem ser o principal,/ Mas o seu valor está no metafísico”.

O tema é realmente instigante e nos leva a exalçadas reflexões sobre a existência humana e o papel que desempenhamos na contextura do Universo. Voltarei ao assunto.

José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência espiritual, moral, mental e humana. Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária Altruística Ecumênica, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das criaturas e, por conseguinte, o direciona à construção da Cidadania Planetária”.